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Nº 5759
Opinião

RECONHECIMENTO RACIAL .

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Por Editorial | Edição do dia 26/12/2023 - Matéria atualizada em 26/12/2023 às 04h00

Os resultados do Censo 2022, que revelaram que 55,5% da população brasileira se identifica como preta ou parda (em Alagoas, o percentual supera os 60%), são um reflexo do reconhecimento racial que vem ocorrendo no Brasil nas últimas décadas.

Em 2004, 51,2% dos brasileiros se diziam brancos diante de 42% pardos e 5,9% negros, apontando para a predominância da população brasileira que se autodeclarava branca.

Foi em 2007 que os números viraram, quando 49,2% se disseram brancos, 42,5% pardos e 7,5% negros (totalizando 50% de negros e pardos). Desde então, o número de pessoas que se diz negro ou pardo só faz crescer.

O IBGE explica que a mudança no perfil étnico-racial do país não reflete apenas a questão demográfica, mas também outros fenômenos sociais, como os debates públicos mais abertos sobre desigualdades raciais, racismo e preconceito.

Ou seja, esse percentual não tem relação com o aumento da taxa de natalidade entre os negros e pardos. O fator mais determinante é a autodeclaração, reflexo dos anos de luta do movimento negro e também do aumento do acesso à educação.

Para especialistas, vive-se hoje um momento de reconhecimento de pertencimento étnico-racial no terreno da negritude e da afrodescendência, uma trajetória que já vinha desde o recenseamento de 1991 e que não tem volta. Um dos fatores que explicam esse reconhecimento seriam as manifestações culturais populares que falam sobre racismo, como música e literatura.

Apesar do orgulho crescente, os negros se dividem entre a satisfação com a própria cor e a realidade diferente para cada grupo étnico no Brasil. Essa é a parcela da população que mais sofre com a violência, salários menores e crimes de racismo.

O reconhecimento racial é um processo importante para a superação do racismo estrutural que ainda é uma realidade no Brasil. Ao se reconhecerem como negros, os brasileiros afrodescendentes passam a ter mais consciência de sua identidade e de seus direitos. Isso pode levar a uma maior mobilização contra as desigualdades raciais e a uma maior participação política.

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