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Nº 5759
Opinião

Balanço de ano .

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Por Marcos Davi Melo. médico e membro da AAL e do IHGAL | Edição do dia 30/12/2023 - Matéria atualizada em 30/12/2023 às 04h00

Em sua obra “Num Tempo Escuro”, Theodore Roethke (1908-1963) escreveu: “Num tempo escuro, os olhos começam a ver”. O ano termina com a vitória da ciência: o Nobel de Medicina foi para a dupla de cientistas Katalin Karicó, bioquímica húngara, e para o médico norte-americano Drew Weissman, ambos da Universidade da Pensilvânia, premiados pelo desenvolvimento das vacinas de RNA mensageiro, tão importantes na prevenção da Covid-19 e que serão provavelmente o futuro das vacinas.

Embora Skakespeare (1564-1616), em “Henrique VI”, tenha recomendado “Não julgueis; somos todos pecadores”, um outro julgamento associado veio de Manaus, onde lavrou-se a primeira sentença condenando os três entes federados (União, Estado e o município) pela falta de oxigênio para os pacientes com Covid na pandemia. Pergunta-se: é justo que sejam os cofres públicos a pagar pelos desatinos de pessoas físicas? No fundo, vamos todos pagar pelos desmandos de outros?

Voltando às boas notícias: o PIB nacional veio muito acima do esperado pelo mercado, com elevação de 3%, o desemprego caiu a níveis de 2015, voltamos a ser a 9ª economia mundial, superando o Canadá. A Bolsa de Valores sobe e supera todos os seus recordes anteriores. Os poderes constituídos convivem civilizadamente, embora o Legislativo abocanhe um Fundo Partidário que, de longe, é o maior das Américas - supera em mais de 3 vezes o do México, o segundo maior - e não assuma as demandas do Executivo.

O meio ambiente, enfim, foi contemplado pela COP 22, pela primeira vez na história. Embora com pelo menos 3 décadas de atraso, o evento afirma que combustíveis fósseis turbinam o aquecimento global, e promete reduzir as emissões de carbono em 43% até 2030. O país volta ao cenário internacional com redução do desmatamento na Amazônia, combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomani. É aqui onde o Brasil pode fazer a diferença, pois não somos nem potência econômica nem bélica, mas podemos sê-lo na preservação do meio ambiente.

Contudo, os desafios nacionais continuam imensos: a segurança pública é um deles, maior ainda em cidades como o Rio de Janeiro, onde as milícias se entranharam profundamente nas instituições públicas. A população brasileira elege como seu principal problema a saúde pública. A polarização política é alimentada pelos dois lados, o que não interessa à maioria da população. As fake news continuarão sendo uma ameaça civilizatória imensurável, principalmente com o Congresso se recusando a legislar sobre o tema e ficando a responsabilidade somente para o Judiciário. Seguir o exemplo da Comunidade Europeia é possivelmente o caminho.

74% da população é favorável à democracia, segundo levantamento, e, havendo democracia, há esperança. Mesmo não arriscando previsões, pois Leonardo da Vinci (1452-1519), em “Profezie”, alertou que “todos os astrólogos serão castrados”, arrisco dizer que as eternas mazelas brasileiras continuarão a ser combatidas com a participação efetiva da imprensa profissional. E em as piorando muito, de 4 em 4 anos teremos eleições e quem as ganhar as levará, sem choro e sem vela. Isso é uma das poucas previsões que o Da Vinci permitiria neste final de 2023. Muita saúde, paz e harmonia para os que leem esta página.

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