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Nº 5759
Opinião

Sala lilás da Arsal, um lugar de esperança e paz para as mulheres

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Por Camila Ferraz - Presidente da Arsal | Edição do dia 04/01/2024 - Matéria atualizada em 04/01/2024 às 04h00

Em 2022, no Brasil, uma mulher foi vítima de violência a cada quatro horas. Esse alarmante dado é do boletim Elas vivem: dados que não se calam, da Rede de Observatórios da Segurança, baseado apenas nos registros desses casos. Contudo, este número deve estar subdimensionado porque muitas mulheres não denunciam seus agressores, seja por medo de vingança ou falta de acolhimento e de apoio na hora de fazê-lo.

Quando inauguramos a sala lilás da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Alagoas (Arsal) no Terminal Rodoviário de Maceió, em 14 de agosto de 2023, nosso objetivo era mudar esse quadro e oferecer às mulheres vítimas de violência um ponto de apoio e acolhimento, um local onde elas se sentissem seguras para pôr um fim às agressões sofridas. E temos conseguido. A cada dia, a sala lilás da Arsal se consolida como um instrumento de esperança e paz para as mulheres.

A escolha pelo Terminal Rodoviário de Maceió para instalarmos nossa sala lilás se deu por seu enorme fluxo de pessoas. Por lá, mensalmente, transitam cerca de 600 motoristas, cobradores e permissionários de transporte intermunicipal e mais de 86 mil passageiros. E em cinco meses de funcionamento, foram atendidas, aproximadamente, 170 mulheres vítimas de violência, numa média de 34 por mês, tendo as mulheres negras e as mais pobres como as que mais denunciam as agressões sofridas.

Mas se engana quem pensa que a violência sofrida pelas mulheres é somente a física. As mulheres também são vítimas de violência psicológica, patrimonial, moral, perseguição e violência sexual. Os agressores são os maridos, ex-maridos, padastros, pais, namorados e filhos, o que evidencia a cultura das mulheres como objeto dos homens, como uma posse que pode ser usada e descartada a qualquer momento de qualquer forma, independente de sua idade.

Nossa equipe conta com advogada, assistente social, psicóloga e oferecemos reuniões quinzenais com nosso grupo terapêutico. Além disso, nossa equipe também realiza busca ativa para acolher as vítimas de violência. Todos os casos são encaminhados para os aparelhos de segurança pública de Alagoas. Também realizamos ações preventivas, com palestras e capacitações.

Tudo que está ao nosso alcance para combater a violência contra as mulheres, nós estamos fazendo através da sala lilás. Os direitos das mulheres são inegociáveis e a Arsal busca cumprir seu papel de instrumento de cidadania, ultrapassando seus deveres como agência reguladora de serviços e como tem preconizado o governador Paulo Dantas, de que o combate à violência contra a mulher é uma prioridade de seu governo. As mulheres só estarão plenamente seguras quando o combate à violência for realizado por toda a sociedade, quando alcançarmos esse pacto social de respeito às pessoas como pilar de convívio coletivo. E a sala lilás da Arsal surgiu para se somar a essa luta, para ser instrumento paz e esperança às mulheres.

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