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Volunt�rias

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MARCOS DAVI MELO * L.M.S. é uma professora universitária alagoana dedicada à sua profissão e a sua família. Casada e mãe de dois filhos, sua vida vinha se desenvolvendo sem maiores atropelos. Dois anos atrás, aos 45 anos de idade, foi acometida por um câncer de mama. Sua vida familiar sofreu grandes transtornos. O casamento quase se desfez. Superou todas as dificuldades e hoje ajuda outras mulheres em situação semelhante. É uma das voluntárias na luta contra o câncer. Esta semana, paralelamente aos jogos da Copa do Mundo, onde o desempenho dos atletas não é desinteressado e ao polêmico “Risco-Brasil”, urucubaca na qual os interesses são os mais condenáveis, tivemos em Maceió, durante três dias seguidos, a realização de um evento que reuniu quase 200 mulheres, envolvidas com um único objetivo: arregimentar forças na sociedade para a luta contra o câncer. Foi o “Segundo Encontro Estadual das Voluntárias da Rede Feminina de Combate ao Câncer”. O trabalho voluntário no âmbito das entidades filantrópicas tem tradição, é de incomensurável valor e indispensável, principalmente nos hospitais. Por mais que essas instituições tenham avançado em setores basilares, como o tecnológico, e a qualificação dos seus profissionais, dificilmente, por mais que se desdobrem, conseguem uma humanização adequada no relacionamento com os enfermos, idêntico e aquele obtido pelas voluntárias. Os médicos e demais profissionais envolvidos com os doentes e o suporte às suas famílias têm que lidar diariamente com as dramáticas dificuldades que os atormentam. Quando estes pacientes têm estrutura econômica e familiar as coisas podem fluir com mais tranqüilidade. Quando são necessitados de tudo, por mais que os profissionais se dediquem ao seu trabalho, permanecem uma plêiade de carências emocionais e materiais – além da doença -, a clamar soluções imediatas. Neste universo infinito de aflições, entram com galhardia as voluntárias. Desde a presença serena e descontraída, como brisa fresca e revigorante, nos sobrecarregados ambulatórios e nas tensas enfermarias, auxiliando os pacientes e sua famílias em suas longas e penosas jornadas em busca da recuperação, providenciando apoio espiritual para os aflitos, os desesperados e material para as suas ilimitadas restrições econômicas, até avançando e participando de temas polêmicos, como o impostergável acesso dos usuários do SUS aos tratamentos. Sim, porque as ações de prevenção e diagnóstico precoce são fundamentais, mas não resolvem tudo por si mesmas. Os casos de câncer vão continuar sendo diagnosticados e a necessitar de tratamento. Hoje, se devidamente tratados, 60% dos casos de câncer podem ser curados. O acesso dos usuários do SUS aos tratamentos no momento certo, que deve ser imediatamente após o diagnóstico, é fundamental para se conseguir obter estas taxas altas de cura. Não há tempo a perder. As voluntárias, como legítima representação da sociedade civil organizada, podem lutar com vigor nesta trincheira avançada da prática da cidadania. Figuras independentes, já que não são vinculadas nem subordinadas às instituições onde atuam e próximas do que se passa na intimidade dos ambulatórios e enfermarias, têm condições de fazer cobranças por melhores e maiores atenções aos pacientes, seja aos médicos, às direções dos hospitais ou a quem mais detiver responsabilidades nestes casos. Neste mundo hodierno, onde prevalecem os interesses mais diversos e inconfiáveis, a professora L.M.S. e as voluntárias são inquestionavelmente a afirmação prática de que no ser humano ainda sobrevivem a chama acesa da solidariedade, a saga perene do altruísmo e a centelha indomada da participação. (*) É MÉDICO

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