Opinião
Discurso e pr�tica

O governo tem propagado que 50 milhões de brasileiros são hoje atendidos através de 15 mil equipes do Programa de Saúde da Família (PSF). Porém, apesar de este ser considerado o principal programa de atenções básicas do País, continua com uma série de deficiências. Uma delas é a falta de investimentos para a capacitação de pessoal e contratação de profissionais para a diversificação das atividades. Uma matéria recente da Folha de São Paulo mostra, por exemplo, que os médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários do PSF ainda não foram treinados para detectar transtornos mentais. E um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), há sete anos, em 14 cidades do mundo, incluindo o Rio de Janeiro, indica que 24% dos pacientes dos serviços de atenções básicas locais apresentam desordens mentais. Principalmente depressão, ansiedade e abuso de drogas. São problemas que também podem estar relacionados à situação do País que tem 50 milhões de excluídos sociais. Graças ao governo que acaba de defender, publicamente, a tolerância zero no combate às drogas e a todos os tipos de delitos, mas corta os recursos destinados à execução da meta que apregoa. Segundo a Agência Folha, até o início deste mês somente foram repassados 5,23% das verbas do orçamento para as atividades federais de fiscalização, tratamento e prevenção no setor, e gastos apenas R$ 403.840,00 de um total de R$ 7,68 milhões do Fundo Nacional Antidrogas. E só foram aplicados R$ 80 mil dos R$ 900 mil programados para tratamento e reinserção social de dependentes químicos. Estes são alguns dos muitos exemplos da falta de cumprimento dos compromissos assumidos pelo presidente FHC em seus discursos, afetando projetos da maior importância para a nação. Como os relacionados à educação e à saúde pública. Com relação a este último, até 17 de maio tinha sido liberado apenas 2,87% do orçamento aprovado para este ano. E dados da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições de Ensino Superior (Andifes) revelam que nos anos de 1995 e 2000 houve uma queda de 72% nos recursos para investimentos nesta área.