Seq��ncia perigosa - Editorial
Pilar sempre foi um município referência por seus aspectos culturais. Terra de Arthur Ramos, inspirou Jararaca em seu auge como artista, que a cantou em versos (inda hoje vim de lá do Pilar) mais tarde reproduzidos por Tom Jobim. Por qual motivo, hoje,
Por | Edição do dia 27/09/2007 - Matéria atualizada em 27/09/2007 às 00h00
Pilar sempre foi um município referência por seus aspectos culturais. Terra de Arthur Ramos, inspirou Jararaca em seu auge como artista, que a cantou em versos (inda hoje vim de lá do Pilar) mais tarde reproduzidos por Tom Jobim. Por qual motivo, hoje, esse encantador lugar é presença certa nas páginas policiais? Naturalmente, o município do Pilar nunca foi invulnerável ao crime (não existe lugar que o seja) e figura na história do Brasil como o local onde foi cumprida oficialmente a última sentença de morte em 28 de abril de 1876, quando foi enforcado o escravo Francisco, condenado pelo assassinato de seu dono. Mas descontado este destaque cronológico, não se conhecia antecedentes que a realçasse como terra marcada por crimes além da conta para uma comunidade de suas características. Nos dias de hoje, porém, acontece algo lá, no Pilar, além da conta. Não pode ser considerada normal a seqüência de assassinatos que tem ocorrido no município. O recente trucidamento de dois jovens gêmeos põe mais lenha na fogueira, mesmo que aparentemente nada ligue esse duplo crime aos dois assassinatos de políticos naquela cidade. Mas a brutalidade sugere, por sua repetição, pelo menos uma conexão: a impunidade e a facilidade de atuação dos criminosos naquela área. E a questão mais séria despertada pelo encadeamento de crimes de morte no Pilar pode ser localizada no ambiente de insegurança pública que reina em Alagoas. O sangue derramado no Pilar é uma trágica comprovação do crescimento e da desenvoltura dos assassinos profissionais em nosso Estado. Além dessas ocorrências ainda não esclarecidas, não podemos nos esquecer que seguem sem esclarecimento a chacina de Roteiro e outros crimes aparentemente motivados por disputas políticas. Quanto sangue mais vai correr até que medidas verdadeiramente eficientes sejam tomadas?