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Tradi��o de Penedo

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JOSÉ MEDEIROS * “Quem desce de barco o Rio São Francisco, a pouco quilômetros de sua foz, tem a agradável surpresa de avistar, sobre enorme penhasco, uma fileira de casas coloniais de variadas cores, realçando sobre as águas verdes-amareladas do rio. É a cidade de Penedo, uma das mais antigas dos Brasil, fundada por Duarte Coelho Pereira, que lhe deu esse nome por causa de sua situação geográfica. Perto do cais, destaca-se sobre o casario antigo a bonita igreja de Nossa Senhora da Corrente, preciosa jóia da arquitetura setecentista, com suas torres arredondadas e seu frontão barroco”. Faço minhas essas palavras da amiga Nilza Megale, porque assim vi Penedo nos idos da minha infância. Ali, aportei no navio Comendador Peixoto, uma embarcação a motor de médio calado, que realizava semanalmente o trajeto fluvial entre Penedo e Piranhas. Cresci numa fazenda à beira do Rio São Francisco, em Traipu, e vim para Penedo a fim de fazer o curso ginasial. As estradas para Maceió eram precárias. Assim, o rio era o grande caminho, a via móvel dos ribeirinhos que buscavam complementos de instrução na cidade de Penedo, conhecida como “capital civilizatória do Baixo São Francisco. Recentemente, voltei à cidade de Penedo numa caravana do Conselho de Cultura da Fundação Municipal de Ação Cultural, dirigida pelo médico Antônio Arnaldo Camelo. Com essa visita foram estreitados os laços de interação com dirigentes do Museu do Paço Imperial (recém-criado), do memorial Raimundo Marinho e Fundação Educacional do Baixo São Francisco. Um acontecimento que alegrou nossas sensibilidades. Ressalte-se a cordialidade da educadora Lysia Marinho e da museóloga Carmem Lúcia Dantas, que foi responsável pela reativação e reorganização do Museu Théo Brandão, em Maceió, e agora amplia sua ação dando forma e vida ao acervo do museu penedense. Cada vez que volto a Penedo repito um roteiro de sentimento e de recordações, ao visitar ruas, praças, igrejas e locais que povoaram minha infância e adolescência. São muitas lembranças guardadas com carinho nas gavetas de minha memória. Na Rua do Rosário, continua intocada a residência do monsenhor José Medeiros, monsenhor Medeiros como era conhecido, um sacerdote dedicado às letras, ao ensino e à religião. Dele herdei o nome de batismo e o estímulo à leitura dos clássicos da literatura brasileira. Foi exigente comigo e com meu irmão Rui Medeiros: era obrigatória a leitura e compreensão de textos, que posteriormente deveriam ser repetidos por ele. Muito aproveitamentos com esse método que ele utilizava. Penedo é uma cidade renovada, mas que mantém laços de identificação com seu passo e sua história. A valorização de seu patrimônio merece ser aplaudida, incentivada pela comunidade e por todos os níveis da instância governamental. As tradições de sua história são ricas e diversificadas; merecem ser divulgadas e conhecidas. (*) É MÉDICO

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