app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5795
Opinião

M�sica e leitura � a salva��o

| Marcos Davi Melo * Para suportar o Judiciário federal que vai construir três novos palácios a um custo equivalente a seis Taj mahal indianos; para engolir o Legislativo federal que vai reformar apartamentos de deputados em Brasília à bagatela de 350 mi

Por | Edição do dia 27/10/2007 - Matéria atualizada em 27/10/2007 às 00h00

| Marcos Davi Melo * Para suportar o Judiciário federal que vai construir três novos palácios a um custo equivalente a seis Taj mahal indianos; para engolir o Legislativo federal que vai reformar apartamentos de deputados em Brasília à bagatela de 350 mil reais por unidade, com o caprichoso detalhe de que cada um terá uma banheira com hidromassagem; para deglutir as intermináveis obras da ligação de Jaraguá com a Pajuçara, que parecem administradas por um engenheiro diabolicamente sádico, entre outras mazelas, o que podemos fazer? Como não podemos destituir o Judiciário federal, nem muito menos sensibilizá-los frente à obviedade de que este País tem tantas carências econômicas e que estas obras são uma agressão violenta para a maioria sofredora da população; como não podemos fechar o Congresso nacional, mesmo por que isto já foi feito e ao invés de melhorar, piorou; como não podemos fazer com que as obras públicas daqui andem adequadamente, o que resta fazer? Tomar um cálice de cicuta, como Sócrates, não resolveria nada. Então restam os velhos mecanismos naturais de escapismo, como a literatura e a música. A Bienal do Livro – o capita Carlito Lima cresceu ainda mais – foi importante porque trouxe à baila o livro e a leitura, coisas que se melhor e mais utilizadas no Congresso nacional, poderiam talvez melhorar o péssimo perfil daquele poder. Já em relação ao Judiciário, não se pode dizer o mesmo, os eminentes juízes vivem cercados de livros e mesmo assim não se sensibilizam com a cruel realidade nacional. Mas ainda tínhamos e temos a música. Relevando o fato de que Roberto Jefersson sempre foi um tenor dos mais competentes, principalmente nas árias de Puccini, alguns privilegiados tiveram a oportunidade de assistir nesta semana, no Teatro Gustavo Leite, um show inusitado. O médico nefrologista Dagmar Vaz corajosamente apresentou-se como cantor acompanhado por uma excelente banda. Confesso que compareci ao show mais para apoiar de que por acreditar no talento do colega nesta seara difícil, embora o respeite como esculápio e administrador médico. Mais os chorinhos, os xotes, os sambas-canção apresentados vibrantemente, muitos de sua autoria, empolgaram a grande platéia. Ao fundo, poemas e haicais deste extraordinário Pedro Cabral. Que grupo! Dagmar, sua banda e PC nos fizeram esquecer e superar momentaneamente estas e tantas outras amarguras; que felizmente; a literatura, a poesia e a música, quando de boa qualidade tanto nos elevam,como nos fazem melhores e mais humanos. (*) É médico e professor da Uncisal.

Mais matérias
desta edição