| Gilberto de Macedo * A vida humana carece de esperança que nasce da fé. Esperança que é a energia, isto é, que dá ânimo e forças para prosseguir no caminho do destino, sobrepondo-se aos obstáculos de toda natureza. Dá paciência para suportar os dissabores do presente, certo de que os mesmos passarão, e que o destino desejado será realidade um dia. Esse dia valioso que está dentro de si, predisposto a acontecer. Por isso, a fé ocorre unida à independência mental da pessoa, isto é, à possibilidade de escolher um destino. É construir um projeto de vidas – este enquanto uma iniciativa, um empreendimento; intenção a decisão. A configuração de um desejo! Independência, desse modo, suscitada pela fé, e esperança para imaginar e sonhar com o futuro, no qual se acredita, como sabe recitar o poeta espanhol Antonio Machado (Parábolas): “A verdade é a esperança”. Sim, porque se acredita. Sem acreditar cai-se no seu oposto, isto é, a desesperança, que afasta a felicidade. O desespero é o estado da angústia, esse estado da alma de máximo sofrimento, freqüente no cotidiano, do dia-a-dia, sem perspectiva preventiva naquele momento, conforme mostra a psicanálise, de um ângulo, e, do outro, a doutrina existencialista com Jean Paul Sartre. Portanto conservar a esperança, apoiada na fé, para dar à vida o necessário otimismo diante das controvérsias da sociedade tecnocrática e competitiva em seu brutal racionalismo anti-humanista. Eis que o teólogo Saadi já anunciava: “A única felicidade consiste em esperar a felicidade”. A esperança, portanto, que não deixa perder o entusiasmo e a alegria, essa confiança otimista no futuro. Pois essa esperança não quer dizer imobilismo diante do tempo, uma improdutiva atitude de espera, como um mero observador. Mas, é fazer algo no sentido criativo observando o transcurso da realidade. Sem ação não se constitui projeto de vida. É a esperança que faz andar, na solidão dos desertos e na convivência das multidões. Isso desde a gênese e historicidade do passado, às injunções do presente, e às perspectivas do futuro. Imanente e transcendente. Cultivar, logo e sempre, a esperança na vida. Crucial e prioritária, sobretudo nos destinos humanos. Vida com esperança!. (*) É médico.