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Nº 5797
Opinião

Um rio sacrificado - Editorial

Mais um ano está terminando sem um consenso em torno do projeto de transposição do Rio São Francisco, mesmo com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que negou, por maioria de votos, um pedido do próprio procurador-geral da República, Antonio Fernan

Por | Edição do dia 22/12/2007 - Matéria atualizada em 22/12/2007 às 00h00

Mais um ano está terminando sem um consenso em torno do projeto de transposição do Rio São Francisco, mesmo com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que negou, por maioria de votos, um pedido do próprio procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, de paralisação das obras estimadas em R$ 6 bilhões e com um anual de manutenção previsto de R$ 100 milhões. São esperados para 2008 mais protestos em discordância ao projeto que já era motivo de conflito desde muitos anos antes da proclamação da República. Motivos para protestos não faltam, pois esse milionário orçamento destina-se a financiar um projeto eivado de falhas primárias, como a inexistência da indispensável revitalização do Rio São Francisco. Como é público e notório, o “Velho Chico”, depauperado por séculos de maltratos, poderá ser vítima de mais uma agressão de sérias conseqüências. Destaque-se que uma obra da magnitude desta polêmica transposição está sendo tocada sem que estudos de impacto ambiental tenham sido minimamente realizados e discutidos dentro das regras básicas da cidadania e da técnica. Enquanto isto, áreas ribeirinhas voltam a ser afetadas pelos problemas causados pela demora das chuvas, desmentindo a falácia da transposição como panacéia para a seca. Banhada pelo Velho Chico, Pão de Açúcar está incluída entre as 31 cidades alagoanas em situação de emergência decretada, alcançada pela estiagem que já atinge mais de 300 mil pessoas e mais de 400 povoados. Isolado, um único religioso, o bispo dom Cappio, viu-se compelido a cessar a greve de fome que brandia como protesto. Solitário, depauperado, o sarcedote é a imagem de um movimento sério e respeitável, porém tragado pela voracidade das empreiteiras e da politicagem. O Velho Chico, igualmente malbaratado, é conduzido, mais uma vez, ao patíbulo.

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