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Nº 5790
Opinião

Natal: os simples e os s�bios

| Dom Fernando Iório * Natal é festa da humildade. E a humildade é a verdade. Tivesse Ele nascido em um castelo e entraríamos erectos para adorá-lo. Mas, não. Quis Ele nascer num tugúrio, numa gruta, cuja entrada nos obriga a perder o tamanho para adorá

Por | Edição do dia 25/12/2007 - Matéria atualizada em 25/12/2007 às 00h00

| Dom Fernando Iório * Natal é festa da humildade. E a humildade é a verdade. Tivesse Ele nascido em um castelo e entraríamos erectos para adorá-lo. Mas, não. Quis Ele nascer num tugúrio, numa gruta, cuja entrada nos obriga a perder o tamanho para adorá-lo. Não quis uma cama bem ornada, senão o chão, as palhas sobrantes da manjedoura para que nossa inclinação, ao adorá-lo, fosse mais profunda. Se assim foi, agora é e o amanhã será: quem, na abençoada noite da humildade não se inclina, nunca encontrará a felicidade que se encontra no coração da Gruta. Christus natus est (Cristo nasceu). E os simples e os sábios O adoraram. Somente a essas classes de pessoas o Cristo se revela. De fato, os pastores e os magos encontraram Jesus na Gruta. Na Gruta de Belém, só há lugar para quantos são simples (como os pastores) e para aqueles que são sábios (como os magos). Não há lugar para os que, nos tamancos de seu orgulho, e nos chinelos de sua vaidade, julgam ser sábios para contestar, não sabendo abraçar a simplicidade para ouvir e crer. Encheu-se a Gruta de pastores que, na sua simplicidade, acreditaram na mensagem do anjo. Ali, mais adiante, estavam os magos: os que sabiam pensar para aprofundar o saber. Assim, encontraram os pastores o verdadeiro cordeiro e os Magos, a sabedoria incomparável. Tudo porque somente os simples humildes e os sábios simples podem encontrar a humildade do Menino de Belém. Herodes, o perseguidor, porque não era sábio, nem humilde, mas orgulhoso, nunca dos nuncas encontrou o divino Menino, nem mesmo para matá-lo. Por isso, até hoje, todos os orgulhosos, todos os Herodes têm sido privados do encontro com Deus, porque são complicados demais para compreender a simplicidade de uma criança a tiritar na frieza da Gruta. Somente quando abandonarmos os tamancos do orgulho e as sandálias da vaidade e usarmos as cáligas da humildade, aprenderemos a ver o mundo na sua miséria e na sua grandeza, no seu desamor e na fraternidade daquela 25ª hora que se encontra no Coração da Gruta de Belém que é a primeira hora, antes da primeira, e a última, após a hora derradeira. Com essa hora, apenas captável pelo coração, desejo-lhes um Natal diferente de todos os outros. (*) É bispo emérito de Palmeira dos Índios e membro da Academia Alagoana de Letras.

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