Descaso criminoso - Editorial
Roubo de valiosas obras de arte não chega a ser novidade no cenário internacional, mas sempre que acontece, onde acontecer, é motivo de escândalo e indignação. Escândalo e indignação plenamente justificáveis pois obras de arte de indiscutível valor univ
Por | Edição do dia 26/12/2007 - Matéria atualizada em 26/12/2007 às 00h00
Roubo de valiosas obras de arte não chega a ser novidade no cenário internacional, mas sempre que acontece, onde acontecer, é motivo de escândalo e indignação. Escândalo e indignação plenamente justificáveis pois obras de arte de indiscutível valor universal são patrimônio do mundo e quem quer que seja proprietário desses tesouros tem de fazer por merecer e a primeira das condições que se deve cobrar é a capacidade de proteger esse bem. Quem não pode oferecer segurança razoável a tais patrimônios da humanidade não é digno da honra conferida pela posse. Há dias foram (facilmente) roubados do Museu de Arte de São Paulo duas obras de valor universal: O lavrador de café (1939, óleo sobre tela, 100 x 81cm), de Portinari, e Retrato de Suzanne Bloch (1904, óleo sobre tela, 65 x 54cm), de Picasso. Nossa vergonha enquanto brasileiros não pode ser reduzida pela insofismável comprovação de episódios semelhantes no chamado primeiro mundo. Por exemplo: em 22 de agosto de 2004, ladrões surrupiaram do Museu Munch, em Oslo (Noruega) duas obras essenciais do grande pintor Edvard Munch (O grito e Madonna), gerando escândalo e indignação no mundo todo. Mesmo que os dois quadros do Masp tivessem sido nossa primeira grande perda em roubos deste tipo, nada desculpa os responsáveis pelo descaso para com a segurança de obras dessa magnitude. Mas essa não é nossa primeira perda escandalosa. Lembram-se da taça Jules Rimet? Foi-nos roubada e destruída (derretida) em 1983, também sem que os ladrões tivessem encontrado grandes dificuldades em perpetrar o crime. Neste momento resta-nos torcer para que as duas telas possam ser recuperadas e cobrar das autoridades públicas e das entidades privadas um mínimo de responsabilidade para com o patrimônio artístico e cultural do Brasil.