Opinião
25 anos de Pinto .
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Saímos de Maceió com destino ao Recife, onde Gustavo Krause (ex-ministro de FHC, ex-vice-governador e grande folião do Carnaval pernambucano) nos recebeu em seu escritório na avenida Agamenon Magalhães. Chegamos cheios de dedos e mesuras: “Ministro pra cá, ministro pra lá”. O Krause logo alertou: “Deixem de besteira!”
Depois, fomos almoçar no Leite e de lá rumamos para a sede do Galo da Madrugada, onde o seu presidente e fundador, Enéas Freire, nos recebeu fraternalmente, louvou o surgimento do Pinto e abriu uma garrafa de escocês. Dali e conjuntamente, fizemos uma entrevista com o radialista Edécio Lopes, que tinha um programa de rádio ao vivo aqui.
Dias depois, realizamos o batizado do bloco na Ponta Verde com a presença do estandarte e passistas do Galo da Madrugada, do Enéas e do Krause, como padrinhos. Em seguida, fizemos o 1o desfile, e, no ano seguinte, um amigo próximo e acalorado, bebeu muita cerveja e ordenou que as orquestras marchassem em sentido contrário ao itinerário. Deu um trabalhão!
Depois, vieram os Mungunzás e os Aniversários do Pinto, quando homenageávamos com o título de “Comendador da Ordem do Pinto” pessoas que tinham historicamente contribuído com o Carnaval alagoano. O Pinto tem as suas curiosidades, entre elas, segundo um dos seus fundadores, a de que um padre da Paraíba vem religiosamente a Maceió para se esbaldar no bloco, mas acho que é exagero quando ele diz que o sacerdote usa uma fantasia do Capeta.
Daquele grupo inicial de 4 fundadores, o Marcial Lima nos deixou há alguns anos, vitimado por impiedosa enfermidade que enfrentou com dignidade e o bom humor que lhe eram inerentes. A maestrina Fátima Meneses, que participou desde o primeiro desfile - cantando ao lado da Anilda Leão, que, já idosa e maltratada pela inclemência solar, saiu dali direto para uma emergência hospitalar - também nos deixou recentemente.
Nesse período, o Pinto da Madrugada se tornou Patrimônio Cultural Imaterial e faz parte da memória afetiva das Alagoas. Neste sábado, o Marcial, a Fátima e tantos outros foliões que já partiram estarão juntos conosco, como canta o frevo de Nélson Ferreira: “Quem tem saudade não está sozinho, tem o carinho da recordação/ por isso, quando estou mais isolado, estou bem acompanhado com você no coração”.