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Nº 5759
Opinião

O que já é conhecido de outros carnavais

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Por Paulino Fernandes de Lima – defensor público e professor | Edição do dia 08/02/2024 - Matéria atualizada em 08/02/2024 às 04h00

Mais um período de festa no País se aproxima e ouvimos algumas falas (já conhecidas de outros carnavais), que vão desde promessas e juras repetidamente feitas, a frases e discursos que se apagarão com as cinzas da quarta-feira vindoura.

Trata-se de um vezo humano, que não chega ao fim, já que se renova a cada período em que o carnaval aliena os que a ele se rendem de olhos fechados.

Enquanto isso, os problemas sociais, econômicos e congêneres pelo que a população espera solução, seguem entre nós, sem receber o olhar que merecem.

Não haveria nenhum problema de se promover tanto um período do ano, caso o País se encontrasse em condições dignas de se viver. Todavia não é assim que ocorre todos os anos, salvo no tempo pandêmico, em que suspendeu a realização do carnaval.

Além disso, a cada ano, sente-se que, com a realização do evento, os números de morte e de violência em geral só aumentam, evidenciando que a sociedade, inversamente ao esperado, só involui, em tema de humanização.

Todavia, ainda que em meio ao “empurra-empurra” com que somos levados em meio a esse folião de incompetências, o País pára (como se já não bastassem tantos feriados), para esperar a passagem do feriadão, cujo saldo negativo é fenomenal.

Se fosse feito um levantamento do que se perde (não só em tempo), mas em crescimento econômico e humano, indubitavelmente, uma abreviação da duração do carnaval, já ajudaria.

Esse ponto de vista, ainda que pareça ser posto como contrariedade a costumes ou tradições de um povo, não tem essa finalidade. A insurgência aqui tem por mote a circunstância sócio-econômica em que vivemos, a qual paradoxalmente é posta em convivência com a sensação de que tudo vai bem.

Para se mensurar, ainda que superficialmente, nossa atual conjuntura, um doze avos do Ano já passou, sem que alguma projeção possível de melhoria sócio-econômica seja ao menos avistada no ao longo dos meses.

Ao invés, o desemprego campeia mais selvagemente (7,8% em 2023 em média), ao lado do fechamento (675.257 só no 3º quadrimestre de 2023), das agora incontáveis empresas, as quais, sem terem mais fôlego para serem socorridas pelos esperados incentivos, tiveram de cerrar suas portas, definitivamente.

Parte do nosso parque industrial, tão duramente erguido ao longo de décadas, também já desabou, sobre outra parte que respira (com o auxílio de aparelhos), em meio aos escombros duma empreitada sem sucesso, que parece ser incrustada no País.

Seguir com esse quadro, na base do “pão e circo”, equivale a perpetuar a ignorância de governados, que seguem atrás do trio elétrico, indiferentes ao fim a que esse sambódromo leva.

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