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Nº 5797
Opinião

Parece, mas não é .

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Por Antônio de Oliveira - professor | Edição do dia 04/09/2024 - Matéria atualizada em 04/09/2024 às 00h00

“In distinctione veritas”. A verdade está na distinção.

Por sua vez, distinção difere de diferença. Uma das noções mais abstratas é justamente o conceito de abstrato (de abs + trahere). Assim, uma vez tomado universalmente, aplicam-se os verbos extrair, despir, desnudar o ser de toda a sua individualidade a todos os seres da mesma espécie. No meu tempo de Grupo Escolar, abstrato era definido como aquilo que não se pode ver nem pegar. No entanto, todo conceito tem a ver com conceber intelectualmente. Lembremo-nos de que Sócrates, em memória da profissão de sua mãe, ou seja, parteira, denominava maiêutica a esse processo de botar para fora a criança. A essa curiosa analogia o intelectual, imaterial, é comparado ao material, parturição das ideias.

Por isso, nem todos os gramáticos, escritores ou doutrinadores faziam a devida distinção lógica na análise destes dois exemplos:

a) Todo o livro é bom é igual a: livro inteiro é bom;

b) Todo livro é bom é igual a: qualquer livro é bom (sua leitura).

No segundo caso todo é indefinido. Todo o livro é concreto; todo livro é abstrato. Assim, a leitura de modo geral, é aconselhável; todo substantivo comum refere-se a seres da mesma espécie. Animal convém a todo bicho: animal racional somente ao ser humano.

O filósofo francês Jacques Maritain escreveu Les degrés du savoir, os graus do saber. Na ascensão para o abstrato, física se torna matemática, matemática se torna filosofia, especulação filosófica transmuta-se em teologia, o Deus, que o é, para o místico poderá sê-lo como lei física, que a tudo regula para o cientista, exprimindo-se na manifestação correta dos fenômenos.

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