Opinião
Por falar no real

Decorridos exatos oito anos do Plano Real, o País toma conhecimento de novos números resultantes da desastrosa política econômica do atual governo. Eles foram divulgados, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e revelam uma queda da produção da indústria brasileira de 5,1% em maio último na comparação com o mês de abril. Este foi o maior desempenho negativo do setor nos últimos sete anos e teve como principais causas, de acordo com o chefe do Departamento de Indústria do próprio IBGE, Sílvio Sales, a queda da renda (5,3% de janeiro a abril), os juros em patamares elevados, o crescimento da inadimplência e a alta taxa de desemprego. Um estudo divulgado pelo Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socio-econômicos (Dieese) divulgado há poucos dias, aponta uma inflação de 126% entre julho de 1994 e junho de 2002 e 55,75% de redução salarial para o trabalhador no mesmo período. O País continua esperando pela melhoria das condições de sobrevivência da população. Principalmente, dos segmentos mais atingidos pela concentração da renda, e pelo aumento da fome, da miséria, do desemprego e da crescente diminuição do poder de compra. Essas pessoas não podem continuar sendo cada vez mais sacrificadas por medidas que agravam o empobrecimento da nação. Como bem afirmou à Agência Estado, o diretor-técnico do Dieese, Sérgio Mendonça, o Plano Real não conseguiu promover, no decorrer de seus oito anos, o crescimento suficiente para a geração dos postos de trabalho compatíveis com a evolução da população economicamente ativa (PEA). Um dos piores efeitos das decisões do atual governo na área econômica é o avanço do desemprego. E para agravar ainda mais a situação, até quem está no mercado de trabalho já não sabe o que fazer para viver com os salários. Falamos da maioria dos assalariados, do trabalhador, do aposentado e do pensionista, que mais sofre com os vencimentos, servindo para quase nada por causa da inflação. Ou não basta o fato de só o gás de cozinha ficar mais caro 42% este ano?