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| AGATÂNGELO VASCONCELOS * Importantes instituições brasileiras têm procurado motivar o eleitor a votar, tornando-o consciente da importância do seu sufrágio nas próximas eleições. Votar e votar bem, esta é a mensagem que vem sendo difundida, a qual deve
Por | Edição do dia 03/09/2008 - Matéria atualizada em 03/09/2008 às 00h00
| AGATÂNGELO VASCONCELOS * Importantes instituições brasileiras têm procurado motivar o eleitor a votar, tornando-o consciente da importância do seu sufrágio nas próximas eleições. Votar e votar bem, esta é a mensagem que vem sendo difundida, a qual devemos apoiar. Especialmente quando, por conta da presunção de inocência, princípio consagrado pelo Direito e tão diligentemente defendido pelo Supremo Tribunal Federal, os candidatos fichas sujas não podem ser liminarmente excluídos do processo eleitoral, não obstante as nódoas inapagáveis em suas vidas pregressas, alguns até mesmo já condenados em instâncias iniciais do procedimento jurídico. Acreditamos que antes de pensarmos em acentuadas mudanças quanto aos cargos majoritários, deveríamos modificar o quadro reinante em nossas câmaras de vereadores e de deputados, pois são órgãos legislativos e fiscalizadores da maior relevância. Consideremos as câmaras municipais. Historicamente tiveram início em 1532 quando o fidalgo Martim Afonso de Souza, a serviço de El Rei D. João III, instalou na Vila de São Vicente a primeira câmara brasileira, com funções não apenas legislativas, mas também administrativas e até judiciais. Desde então, embora constitucionalmente modificadas ao longo desses quase cinco séculos, permanecem fundamentalmente valiosas para o sistema político, social e administrativo do nosso País. Em número de 5.562, compete às câmaras municipais organizar e fiscalizar o adequado emprego de todos os recursos controlados pelas prefeituras, estimados em R$ 160 bilhões! É sem dúvida um valor considerável para ser deixado em mãos muitas vezes incapazes e, pior do que isso, tantas vezes francamente desonestas. É extremamente pertinente que os eleitores transformem em vereadores pessoas instruídas e cujo passado demonstre clara aptidão para o trabalho exigido e compromisso para com a moralidade na vida pública e privada. Parece-me de bom alvitre o aparecimento de caras novas em nossas câmaras de vereadores, para que assim sejam afastados quadros políticos estagnados e comprometidos com os vícios e as deformações lamentavelmente existentes. Como tão bem evidencia uma esclarecedora inserção televisiva da Justiça Eleitoral, um quadriênio é muito tempo para ser desperdiçado. E o fluir do tempo é percebido diferentemente: quando as coisas vão bem, o tempo escorre como um suave vôo de pássaro; quando estamos insatisfeitos, como o cansativo arrastar da tartaruga. (*) É médico e professor da Uncisal.