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A população está envelhecendo, sua empresa está preparada?

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Alagoano ilustre, às vésperas de completar 76 anos neste dia 27, Djavan talvez não saiba que há décadas vem “cantando a pedra” para as empresas sobre uma nova realidade: “teus sinais me confundem da cabeça aos pés”. Acostumadas a um perfil demográfico jovem, aquelas que ignoram os sinais de mudança precisam correr para se adaptar ao fato de que o brasileiro está cada vez mais grisalho - inclua-se aí consumidores e profissionais.

A maior longevidade se faz ver em toda parte, sempre acelerando. No mundo, o número de pessoas com 65 anos ou mais deverá ser de 1,6 bilhão em 2050 – uma faixa da população que, na América Latina, será de 18,8% do total de habitantes. A este fenômeno, junta-se o do declínio da natalidade. Em Alagoas, onde meio milhão de pessoas já têm mais de 60 anos, a taxa de nascimentos cai há décadas, impactada por mudanças culturais e econômicas: o estado será um dos primeiros a enfrentar a redução populacional - já a partir de 2027 segundo o IBGE. Ainda que venha sendo sinalizado há anos, o encontro dessas duas tendências parece não ter sido realmente entendido por todos. A ponto de o Wall Street Journal destacar que, “de repente, não há bebês o suficiente e o mundo inteiro está alarmado” – no Brasil, o percentual de casais sem filhos subiu de 16,1% (2010) para 20,2% (2022).

Contudo, o envelhecimento populacional segue muitas vezes tratado como tema acadêmico, distante do cotidiano das marcas, empresas e serviços. Na prática, como o mercado vem se adaptando a essa nova realidade? Será que daqui a algumas décadas, os empreendimentos imobiliários ainda priorizarão playgrounds? E os prazos de financiamento, será que serão estendidos por conta da maior longevidade e, espera-se, mais tempo no mercado de trabalho?

O impacto deverá se intensificar nas mais diferentes frentes profissionais. Haverá mais demanda por geriatras que pediatras? Qual será o tipo de aula nas academias de ginástica? E quanto aos produtos de beleza, que tipo de creme ocupará o destaque nas farmácias e e-commerces? Indo além: será que o mundo corporativo, que celebra a longevidade de marcas centenárias de sucesso como União, Granado e Hering, está preparado para lidar com consumidores centenários?

Seguindo em seu próprio ritmo, os 32 milhões de brasileiros com 60 anos ou mais já representam 15,6% da população. O volume é quase o dobro de três anos atrás, com impacto crescente no consumo e no mercado de trabalho – que precisa oferecer produtos e serviços, repensar sua publicidade e abordagem diante da nova realidade demográfica.

Da mesma forma, dentro de casa, as empresas terão de lidar com o envelhecimento da força de trabalho - tanto pelo declínio das taxas de natalidade, como, sobretudo, pelas aposentadorias cada vez mais tardias.

O fato é que o mundo corporativo não pode mais se guiar por estereótipos importados do século passado e, rapidamente, terá de entender profundamente o comportamento e as motivações dessa parcela da população – crescente e cada vez mais ativa, bem-informada e independente. Os exemplos estão por aí aos montes, anônimos ou famosos. Madonna, aos 65, esbanja energia. Como Djavan nascida em janeiro, Maitê Proença, aos 66, segue deslumbrante. O importante é perceber que, tendo feito tudo o que fizemos, somos cada vez mais diferentes de nossos pais. Em alguns setores, empresas já reagem com sucesso a essas mudanças. Já aquelas que não o fizerem, correm o risco de ser devoradas – por dentro ou no mercado.

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