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Nº 5901
Opinião

Khajuraho e seus templos

| LYSETTE LYRA * Em 1838, o capitão T. S. Burt, do exercito inglês na Índia, em visita oficial a Khajuraho, perdeu-se nas matas de tamareiras, próximas à cidade e, por acaso, descobriu os magníficos templos, ocultos desde o século 16. Registrou sua exist

Por | Edição do dia 09/09/2008 - Matéria atualizada em 09/09/2008 às 00h00

| LYSETTE LYRA * Em 1838, o capitão T. S. Burt, do exercito inglês na Índia, em visita oficial a Khajuraho, perdeu-se nas matas de tamareiras, próximas à cidade e, por acaso, descobriu os magníficos templos, ocultos desde o século 16. Registrou sua existência, mas não a divulgou por achar suas esculturas, em atitudes eróticas, indecentes e ofensivas à moral. Somente em 1864, um outro britânico, Alexandro Cunninghan encontrou esse conjunto de construções maravilhosas, contendo 872 estátuas, das quais 646 foram esculpidas nas paredes externas das edificações. Estudou as admiráveis inscrições, as urnas arruinadas, as esculturas dispersas, que se achavam no local. Ficou encantado com tanta beleza. Quase foram destruídas pelos vândalos, com a permissão de um chefe puritano, Mohandas Ghandhi que condenava a existência de “obras tão imorais”. Se não fosse a interferência do pensador Rabindranath Tagore escrevendo a Ghandhi explicando o valor desse tesouro nacional, impedindo que fosse destruído, o mundo não teria tido a oportunidade de apreciar a valiosa obra. Essas figuras não devem ser olhadas como eróticas pornográficas esculpidas com a intenção de excitar as paixões bestiais, mas sim, precisam ser apreciadas pela sua força artística, sublime e sensual. Visitados por milhares de turistas, todos os anos, os templos de Khajuraho são, hoje, a principal fonte de renda do lugar. Durante a primavera são organizados, na região, os festivais de danças para celebrar a glória dos templos. Perduram por sete dias e contam com a presença de famosos artistas e artesãos. Esses eventos, constam também, de feiras onde se encontram os produtos feitos na localidade. Ao comprar alguns livros e postais numa loja da cidade, encontramos a famosa obra ilustrada do poeta Vatsyayana, o Kama Sutra, os Aforismos do Amor. É o mais antigo esforço para compilar as técnicas de relações sexuais entre o homem e a mulher. São quase 1.250 versos e está dividido em capítulos. O autor o compôs como parte de seus exercícios eruditos, não obstante ter sido um estudante religioso, em Benares, dedicado à contemplação de uma deusa. Deixamos Khajuraho num ônibus e rumamos para a cidade de Agra. O veículo era incrivelmente desconfortável. Os degraus, muito altos, exigiam de nós um terrível esforço para galgá-los. Nossos braços estavam arrasados. Não sabemos como agüentamos tal sofrimento. Somente o desejo de conhecer tanta coisa interessante nos dava coragem. A estrada, estava em construção e já havia grande parte concluída. (*) É escritora.

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