loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
terça-feira, 18/02/2025 | Ano | Nº 5906
Maceió, AL
31° Tempo
Home > Opinião

.

A era Trump .

.

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp

Como era esperado e sem surpresas para ninguém, o início do governo Trump trouxe muita polêmica, em especial na América Latina, principalmente pelos episódios decorrentes da extradição de imigrantes, com destaque para brasileiros e colombianos.

País erguido por imigrantes, que tem entre os seus mitos básicos os País da Pátria, heróis de sua independência da Inglaterra e de sua fundação como nação e os pioneiros (pilgrims) que desbravaram o vasto interior - eles eram em sua maioria estrangeiros -, os ricos EUA se defrontam com uma grande demanda de imigrantes que buscam ali oportunidades de trabalho inexistentes em seus países de origem, assim como fogem de ditaduras ou países conflagrados, como a Venezuela e Honduras.

O episódio da chegada dos deportados brasileiros em Manaus algemados e acorrentados em território nacional e ainda com depoimentos de maus-tratos durante o voo, tem tido justo destaque na mídia, pois não existiam (para o Brasil) antecedentes criminais que justificassem esse humilhante procedimento. Mas eis que o novo governo Trump classifica qualquer imigrante sem documentação adequada de criminoso, mesmo sendo trabalhador que esteja há décadas no país e esteja pagando impostos e tudo o mais. Se é para extraditar os imigrantes ilegais, que o façam, mas não precisa humilhar ainda mais seres humanos já humilhados e já desprovidos de sua única esperança.

Embora os episódios da extradição dos imigrantes tenham ocupado justo e amplo espaço na imprensa, muitas são as medidas iniciais do governo Trump que - embora fossem esperadas - causaram grande apreensão internacional, entre elas o afastamento do Acordo de Paris, o desligamento da OMS e a supressão de financiamentos de vulneráveis, como os imigrantes fugindo da ditadura da Venezuela em Boa Vista e mesmo programas sociais internos dos EUA.

Os EUA são (ou eram) os maiores doadores, responsáveis por 18% do financiamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), e com a suspensão dessas verbas, a OMS, uma entidade técnica irrepreensível e responsável pelas políticas de combate às epidemias, pandemias e condução de políticas em saúde pública permanentes (como o enfrentamento da Aids, que já está prejudicado por essa supressão), fica fragilizada e será obrigada a reduzir ou até mesmo suprimir programas essenciais à saúde pública mundial. Tomara que não tenhamos outra pandemia como a da Covid-19 nem tão cedo, pois, com menos recursos, teremos um cenário mundial ainda mais crítico.

O Governo Trump também toma medidas internas que suspenderam verbas sociais e levaram a oposição à judicialização, pois conflitam o seu arcabouço jurídico, desde que nos EUA isso é prerrogativa do LEGISLATIVO.

Os apelos humanísticos feitos pela bispa anglicana Mariann Bude em uma missa presencial parecem que não surtiram nenhum efeito. O certo é que ela falou em nome de milhares de pessoas que, mesmo não sendo afetadas diretamente, possuem empatia e acreditam em um mundo menos cruel e mais solidário.

Relacionadas