Viajando de avião .
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Por Alberto Rostand Lanverly – presidente da Academia Alagoana de Letras e usuário da classe econômica | Edição do dia 05/02/2025 - Matéria atualizada em 05/02/2025 às 04h00
Em qualquer parte do globo, embarcar em avião lotado é quase como participar de uma coreografia onde todos carregam malas, mas ninguém ensaiou. O show começa ainda na área de embarque, com passageiros trombando para ver quem entra primeiro, como se o comandante fosse dar partida sem eles.
Já a bordo, caótica é a cena: gente se contorcendo nos corredores apertados, tentando empurrar seus pertences no espaço acima dos bancos, enquanto outros simplesmente lançam olhares de indignação, como se fossem os donos do aeroplano.
O auge do show? A briga silenciosa pelo apoio de braço. Quem vence? Nunca é você. Mas pelo menos, enquanto observa o caos, dá para rir um pouco.
Finalmente, com todos já acomodados, o esclarecimento de segurança feito pelos comissários é, sem dúvidas, exibição subestimada, verdadeira peça de teatro sem plateia, drama épico onde a máscara de oxigênio é protagonista e o cinto de segurança, fiel coadjuvante, mas o ápice da apresentação acontece quando surge o aviso de que o colete está debaixo da poltrona, porém em caso de necessidade, só deve ser inflado “fora da aeronave”, momento em que os poucos ouvintes pensam: Fora da aeronave? Se eu cheguei “fora”, já sou um anjo com asinhas e tudo, para que usar colete?
Ah, o momento em que o avião pousa e o sinal de “afivelar os cintos” se apaga! É como se um gatilho coletivo fosse acionado: de repente, metade dos passageiros levanta em balé descoordenado, mesmo sabendo que ninguém vai sair dali tão cedo.
Enquanto isso, alguns continuam sentados, observando o caos e se perguntando: “Será que tem um prêmio para quem sair primeiro?” E, é claro, há o festival dos compartimentos de bagagem: indivíduos se esticando, derrubando casacos e mochilas na cabeça dos vizinhos, tudo para pegar aquela mala que não precisava ser retirada tão cedo.
E o ápice da comédia? Quando o piloto anuncia: “Senhoras e senhores, por favor, permaneçam sentados até que as portas estejam abertas”, como se fosse adiantar, porque, afinal, a pressa de sair do avião é proporcional à agonia de ter que esperar na esteira por suas maletas.