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Nº 5900
Opinião

“Um pa�s amigo?”

| DOM EDVALDO G. AMARAL * Pela janela do avião da FAB, só se via verde, muito verde, floresta e água, muita água. E eu pensei: estamos na Amazônia! Meio-dia da 3ª feira, 26 de agosto, vinte bispos, das várias regiões do Brasil, liderados pelo arcebispo m

Por | Edição do dia 12/09/2008 - Matéria atualizada em 12/09/2008 às 00h00

| DOM EDVALDO G. AMARAL * Pela janela do avião da FAB, só se via verde, muito verde, floresta e água, muita água. E eu pensei: estamos na Amazônia! Meio-dia da 3ª feira, 26 de agosto, vinte bispos, das várias regiões do Brasil, liderados pelo arcebispo militar dom Osvino e recebidos pelo Comando Militar da Amazônia, começávamos proveitosa excursão de 15 mil quilômetros, com mais de 20 horas de vôo, através das dioceses dos três estados do Extremo Norte. Estivemos em Manaus; daí, Boa Vista e Surucucu (RR). Depois, Maturacá, S. Gabriel da Cachoeira e Tefé (AM). Em seguida, Guajará-Mirim (fronteira com a Bolívia) e Porto Velho (RO). Voltamos a Manaus para, na 2ª feira, 1º de setembro, encerrarmos a visita, com um balanço das atividades realizadas e avaliação. A finalidade era conhecer um pouco da realidade humana e pastoral da Amazônia. Em Surucucu, no chamado “nariz do cachorro”, nas fronteiras com a Venezuela, devíamos visitar os yanomâmis, mas, para frustração nossa, apesar de dois pedidos gentis, feitos pelo Comando, a sra. Funai, por razões insondáveis, não permitiu a visita dos bispos à aldeia dos índios. Fomos atenciosamente informados pelo comando militar da situação daquela fronteira. Em S. Gabriel da Cachoeira, recebeu-nos o simpático bispo dom Song, chinês e salesiano. Aí, tomamos conhecimento do trabalho missionário das Irmãs Salesianas, com projetos de artesanato, usando somente produtos da região. Em Tefé, às margens do Solimões, tivemos um almoço embarcado no lago de Tefé. Em Guajará-Mirim, na fronteira com a Bolívia, fomos recebidos pela Infantaria da Selva e pelo bispo dom Geraldo, que nos deu preciosas informações sobre a realidade pastoral de sua diocese. Na capital de Rondônia, Porto Velho, encontramos o arcebispo dom Moacir, que nos fez uma palestra sobre o amazônida. De volta a Manaus, fomos acompanhados pelo bispo auxiliar, d. Sebastião Coelho, a visitar os pontos turísticos obrigatórios: Teatro Amazonas e encontro das águas do Rio Negro com o Solimões, formando o Amazonas. O que dizer, dos imensos problemas da Amazônia? É o despovoamento e ao mesmo tempo a necessidade da preservação da floresta, com toda a sua biodiversidade, única no planeta. É o direito do índio à terra que é sua e a constante invasão do agro-negócio. É a exploração das riquezas naturais, sobretudo madeiras preciosas e o narcotráfico, com o perigo dos vizinhos demagogos não-confiáveis em nossas fronteiras. Muita gente no Brasil – foi-nos dito – considera a Amazônia, não como parte integrante da unidade nacional, mas “um país amigo”. (*) É arcebispo emérito de Maceió.

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