Hist�ria de 157 anos de lutas
| MARCOS DAVI MELO * 43 anos após a descoberta do Brasil ocorreu a fundação do primeiro hospital na então colônia portuguesa. Em Santos, Brás Cubas fundou a Santa Casa de Misericórdia. Pouco depois o padre José de Anchieta edificou na cidade do Rio de Ja
Por | Edição do dia 13/09/2008 - Matéria atualizada em 13/09/2008 às 00h00
| MARCOS DAVI MELO * 43 anos após a descoberta do Brasil ocorreu a fundação do primeiro hospital na então colônia portuguesa. Em Santos, Brás Cubas fundou a Santa Casa de Misericórdia. Pouco depois o padre José de Anchieta edificou na cidade do Rio de Janeiro uma entidade semelhante. Estas instituições filantrópicas estão em plena atividade e a partir de então se espalharam pelo País e se destinaram basicamente desde a sua fundação ao atendimento aos mais carentes. Os rincões mais pobres e distantes como Alagoas só tiveram esta oportunidade na década de 1850, quando a situação social, financeira e de saúde pública eram terríveis: nas ruas os esgotos corriam a céu aberto por meio de um rego; nos quintais das residências, inclusive das poucas mais abastadas, existia um imenso pote de barro onde se coletavam as fezes e dejetos do dia, que a noite eram levadas pelos escravos e depositadas no mar. A fedentina era terrível. A população era constituída basicamente por escravos, trabalhadores da lavoura de baixa renda, que quando precisavam de alguma assistência médica não tinham acesso aos médicos, então muito poucos e muito caros, só disponíveis para os poucos que os podiam pagar. A opção era se render aos benzedores, curandeiros e charlatães em geral, que à custa de rezas ou preparados de ervas e raízes as garrafeiras os tratavam. Foi neste ambiente sanitário pavoroso que o cônego João Barbosa Cordeiro, então o pároco da província, comovido pela penúria dos mais humildes, decidiu fundar o Hospital de Caridadeem 1851; origem da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, que neste setembro de 2008 está completando 157 anos de fundação. A entidade entre outras contribuições históricas, foi sede médica da Ufal. Pioneira em avanços como o combate ao câncer; as cirurgias cardíacas; os transplantes de coração e de rim; sempre preocupada que estes serviços fossem destinados indiscriminadamente a toda à comunidade. Mas os males que ameaçam a vida do ser humano não param de se multiplicar. Os inimigos mais recentes são as microbactérias CR, microrganismo perigosíssimo que têm apavorado as autoridades sanitárias e os médicos pelo Brasil afora. A Santa Casa, Hospital Sentinela, referência do Ministério da Saúde, está atenta com a sua Gerência de Risco, que ali consegue manter uma das menores taxas de infecção hospitalar do País. Os desafios continuam grandes; entre eles, com o descaso do governo federal com a saúde; manter o atendimento aos pacientes do SUS, 92% da população, com qualidade e humanismo. (*) É médico e professor da Uncisal.