| RONALD MENDONÇA * O “instinto jornalístico”, não obstante as saudades dos netos queridos, sofregamente me impelem às folhas em busca das novidades da terrinha. Dias de ausência para participar de congresso de neurocirurgia na próspera e distante Foz do Iguaçu, deleito-me particularmente com os comentários dos qualificados articulistas da província. Encontros médicos dessa natureza prestam, dentre outras coisas, para reencontrar velhos e recentes companheiros de outras plagas. Há também conterrâneos, ex-alunos, que, militando alhures, também anseiam por esse contacto com as origens. Para consolo geral, aparentemente, a província não ficou parada nesse período. Há uma nesga de esperança quando se percebe que a Assembléia Legislativa, ao cortar laços com parlamentares afastados, tentou mexer-se apesar de viscosa lama nos pés. No Detran, heroicamente, não se sabe por quanto tempo ainda, o doutor Sapucaia, remando contra a maré, esforça-se para palmilhar os labirintos do organismo e desvendar-lhes os segredos. Há um certo ar de missão impossível nessa tarefa indigesta. À distância, até pelo histórico nada virtuoso, o Detran lembra um doente terminal em que os médicos não têm mais o que fazer e a família espera por um milagre, que certamente nunca ocorrerá. Nesse 16 de setembro, o denominado Hospital Geral Osvaldo Vilela foi inaugurado com a pompa devida e sob os protestos antecipadamente anunciados. Apesar de serem sempre bem-vindos novos leitos para a indigente emergência no Estado, há de se lamentar a descaracterização do Hospital José Carneiro (na realidade o HJC foi sepultado) como hospital-escola, infeliz decisão que joga na orfandade a Faculdade de Medicina da Uncisal. Por falar em Uncisal, nos últimos dias, a caixa eletrônica dos médicos foi bombardeada por mensagens de insatisfação da classe por conta de charges publicadas na imprensa. Ironias à parte, a verdade é que a pontuação da Uncisal na avaliação do MEC não nos envaidece. Pensar que a Escola de Ciências Médicas já foi árvore frondosa de cujos frutos os alagoanos orgulhavam-se, deve servir como um estímulo para que esta metáfora do bem volte a circular. Aproveito o gancho do recente congresso de neurocirurgia para levantar a bola da Ciências Médicas e citar três dos incontáveis frutos que comprovam o potencial da escola. Márcio Vinhal, em Brasília, em Campinas; Ivens Judá e Francisco Cardoso, em BH. São ex-alunos que honram e orgulham nossa academia. (*) É médico e professor da Ufal.