Bombas sobre Londres
| RUBENS VILLAR * O Norwegian Jewel parte do Porto de Dover, Inglaterra, mergulha na escuridão da noite singrando as águas do Mar do Norte em direção a Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia, Rússia, Estônia. Em quase todos os portos a recepção aos passag
Por | Edição do dia 23/09/2008 - Matéria atualizada em 23/09/2008 às 00h00
| RUBENS VILLAR * O Norwegian Jewel parte do Porto de Dover, Inglaterra, mergulha na escuridão da noite singrando as águas do Mar do Norte em direção a Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia, Rússia, Estônia. Em quase todos os portos a recepção aos passageiros do grande navio foi discreta, a exceção de São Petersburgo, com animada orquestra local executando Aquarela do Brasil e Brasileirinho. De volta à Inglaterra, em Wanemünde, Alemanha, foi diferente: bandas de música, grupos folclóricos, espocar de flashs, ocasião em que os dois lados do imenso cais encontravam-se repletos de pessoas acenando com bandeirinhas alemãs. O moderníssimo navio de bandeira norueguesa havia sido construído nos estaleiros da cidade. Operários, técnicos, engenheiros e familiares externavam seu orgulho e alegria em receber o navio em sua viagem inaugural. Wanemünde, próximo a Peenemünde, que durante a Segunda Guerra Mundial foi uma importante base aero-naval, de onde tropas nazistas levadas por navios de guerra conquistaram os Países do Mar Báltico. Naquela base militar, dramaticamente sob fogo da aviação dos países aliados, foram construídas as famosas bombas V-2 (V de vingança) e lançadas em direção a Londres, quase arrasando a capital inglesa. Na verdade eram os primeiros mísseis balísticos da história que levariam o homem à lua, graças ao talento de Werner von Braun, o gênio do mal e do bem. Tinha lido na Folha de São Paulo que o governo Inglês havia liberado à visitação pública o famoso Gabinete de Guerra, Quartel-General do Primeiro Ministro Winston Churchil. Após visitar a St.Pauls Cathedral, o British Museum, a National Gallery, a Abadia de Westminster, o Palácio de Buckingham para ver a troca da guarda e vindo de um passeio nas águas do Rio Tamisa contornei o Edifício do famoso Big-Ben e ingressei escada abaixo nos porões do antigo Ministério da Defesa, onde Churchil comandou um governo de unidade nacional formado por líderes dos partidos trabalhista e liberal em defesa da Inglaterra. Ali assisti a um filme sobre sua trepidante vida, vi a sala de reuniões com sua poltrona e as dos demais ministros, a famosa bengala, o chapéu característico inglês, armas, roupas, livros, fotos e um mundo de recordações do grande personagem. Em seu célebre discurso à nação, quando caiam bombas sobre Londres, afirmava que devido a dramática situação por que passava o país, somente podia oferecer ao povo sangue, suor e lágrimas. (*) É ex-deputado, ex-senador e ex-governador de Roraima.