Avicena
A cada esquina, nenhuma farmácia

Avicena – famoso médico persa do final do primeiro milênio -, além de se destacar nas mais diversas áreas do conhecimento (filosofia, poesia, matemática ...) difundiu, na era Pré-Moderna, seus mais variados ensinamentos. “Cânone da Medicina” (escrito aos 21 anos de idade) permaneceu como a principal autoridade nas universidades da Europa e da Ásia.
Circundado por aforismos e com suas versadas citações – pensadas bem longe das drogarias -, Avicena desenhou seus conceitos em milhares de páginas, unindo a escolástica e a medicina, cujos (profundos) ensaios permanecem transmitidos na literatura contemporânea - “A alma é distinta do corpo”.
Corporalmente e em matéria (carregadas ou não de enfermidades), Avicena não mais existe – o tempo não cuida de manter uma brilhante mente sem um corpo que lhe acompanhe ou sacrifique. Logo, o “Primeiro dos Sábios” sequer contemplou uma drogaria; se muito, uma botica, preenchida por fórmulas sem drogas (mais alma, menos cápsulas).
Caso o médico persa (conhecedor do “Elixir da Vida”) passeasse por qualquer cidade brasileira e notasse que o Brasil é o campeão em números absolutos de farmácias pelo mundo, padeceria de algum inquietante impacto. Não há corpo que comporte tanto remédio!
Nosso país é pródigo nesses tipos de estabelecimentos onde (uma a cada esquina) tudo se encontra, inclusive remédios, medicamentosos ou que falseiam algum questionável tratamento. Se nas farmácias está a cura, o brasileiro adoece mais e melhora menos - ou se comunica com palavras convencionais distraídas de sintomas concretos de doenças reais.
Ponderando que “a imaginação é metade da doença; a tranquilidade é a metade do remédio e a paciência é o primeiro passo para a cura”, para cada esquina, um único encontro (e nenhuma farmácia).