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Nº 5905
Opinião

R�quiem ao neoliberalismo

| EDUARDO BOMFIM * Os últimos acontecimentos mostraram ao mundo que o pensamento hegemônico do neoliberalismo que pressupõe a ação absoluta do mercado em detrimento da presença do Estado, tanto nas relações internacionais quanto na esfera das nações, des

Por | Edição do dia 26/09/2008 - Matéria atualizada em 26/09/2008 às 00h00

| EDUARDO BOMFIM * Os últimos acontecimentos mostraram ao mundo que o pensamento hegemônico do neoliberalismo que pressupõe a ação absoluta do mercado em detrimento da presença do Estado, tanto nas relações internacionais quanto na esfera das nações, desnudou-se como uma grande farsa. Em um discurso pronunciado nesta quarta-feira, o presidente Bush procurou convencer o povo americano do plano de resgate às empresas dos EUA em imensas dificuldades financeiras. Para tanto, propõe ao Congresso um fundo de mais de 700 bilhões de dólares. Justificou a iniciativa, alegando a possibilidade de os Estados Unidos mergulharem em uma profunda, longa e dolorosa recessão. Na verdade, a concepção de que o mercado tudo regula e indica todos os caminhos do progresso e do desenvolvimento, transformada em uma espécie de pedra filosofal inquestionável, caiu por terra em poucos dias de uma crise mundial da economia. O problema é que o cidadão norte-americano encontra-se bastante frustrado com esse bilionário socorro aos poderosos conglomerados financeiros do império. Até porque milhões de assalariados e profissionais liberais nos EUA encontram-se endividados, na iminência de perder as suas casas em decorrência da crise do mercado imobiliário, e nem por isso foram auxiliados pela gestão Bush. Os fundamentos do pensamento neoliberal que se tornaram, aparentemente, eternos desde a década de setenta passada, e no Brasil, em 1994 com a eleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, a ponto de reclamarem o fim da História, lado a lado com a defesa da quase inutilidade do papel do Estado nacional, mostraram-se em questão de semanas, verdadeiros dinossauros pré-históricos. Mas o impulso do liberalismo econômico “pós-moderno” foi tão forte que na sua esteira formaram-se inúmeros partidos políticos e vários outros se adaptaram apressadamente aos seus “conceitos irresistíveis”. No fim da década de oitenta, com o fim União Soviética, encerrava-se um tipo de experiência socialista. Uma forma de economia e de Estado. Outra experiência surgiu com vigor, na China, ainda em estágio primário: um projeto nacional, uma economia socialista, combinada com o mercado. Já a era neoliberal desabou com um enorme estrondo depois de pouco mais de três décadas. E com ela, todo um pensamento filosófico, econômico e político. A História, nos últimos tempos, tem andado com muita pressa. (*) É advogado.

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