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Nº 5901
Opinião

Deodoro ou Floriano

| RONALD MENDONÇA * Jornalista dos mais cultos do país, Sebastião Nery sustenta com vigor, inteligência e criatividade uma das mais lidas colunas diárias. Sem o peso de comparável responsabilidade, apenas um despretensioso artigo semanal, imagino os obst

Por | Edição do dia 27/09/2008 - Matéria atualizada em 27/09/2008 às 00h00

| RONALD MENDONÇA * Jornalista dos mais cultos do país, Sebastião Nery sustenta com vigor, inteligência e criatividade uma das mais lidas colunas diárias. Sem o peso de comparável responsabilidade, apenas um despretensioso artigo semanal, imagino os obstáculos do jornalista com o dever de matar um leão diariamente. Tarimbado, ex-seminarista, ex-adido cultural, versado em história e filosofia, Nery de vez em quando se supera. Semanas atrás, sob o título “A Cícero o que é de Cícero”, deu um banho de conhecimentos, ilustrando os argumentos com Cícero, Ulpiano, Platão, Aullus Gellius, Justiniano, de quebra a Bíblia, dentre outros. É que alguém, ousou corrigi-lo de suposta falha na identificação da autoria de sentença latina (“Suum cuique” – A cada um o que lhe pertence) publicada anteriormente, por sinal, velha conhecida de juristas, latinistas, e chutadores em geral. Aliás, este artigo foi tema da aula do “Latim aos sábados”, encontro semanal com o decano latinista Aloysio Galvão, fulgurante figura da cultura alagoana. Nesta semana, Sebastião Nery pegou no pé do presidente Lula no que se refere à participação ambígua no presente pleito. Com efeito, o presidente tem deixado ao léu muitos dos seus companheiros. Entre nós, não obstante as recorrentes citações, a ausência de Lula é acintosa. Diz-se que Sua Excelência tem mágoas do Estado por ter sido aqui derrotado. Outros atribuem-na à inexpressividade das lideranças locais. Nesse aspecto, pegaria mal uma derrota acachapante como a que atualmente se delineia. Compreende-se. Lula, como qualquer personalidade narcísica, deve odiar conviver com gente mal-sucedida. Meti Sebastião Nery nessas linhas para questionar uma informação. No aludido artigo em que Nery cobra a presença de Lula na campanha dos companheiros, há uma longa referência ao lendário ex-prefeito de Maceió, Sandoval Caju. Fenômeno eleitoral, excêntrico, Caju foi um furacão que empolgou as massas com um discurso de tiradas chistosas, numa campanha pobre montado num calhambeque. O detalhe é que, locutor de rádio de profissão, o próprio Sandoval dirigia o carro ao mesmo tempo em que agarrado ao microfone dava o recado. Conta-se que num grande comício na Praça Deodoro, Sandoval teria se dirigido à estátua eqüestre de Deodoro pedindo apoio para a candidatura. Diante do monumental (literalmente) silêncio, Caju concluiu pela aquiescência tácita de Deodoro, pois “quem cala consente”. Para Nery, a estátua era de Floriano. (*) É médico e professor da Ufal.

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