loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
terça-feira, 06/05/2025 | Ano | Nº 5960
Maceió, AL
26° Tempo
Home > Opinião

Saúde

Cinco anos da pandemia

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp

Para um profissional de saúde que leva a sério a profissão, uma pandemia como a de Covid-19 remete ao axioma de Nietzsche: “É possível viver quase sem lembranças e viver feliz, como demonstra o animal, mas é impossível viver sem esquecer”. É impossível esquecê-la: foi no dia 11 de março de 2020 que ocorreu a primeira morte causada pela doença, perfazendo nesta semana 5 anos daquele pioneiro óbito.

No mundo foram mais de 7 milhões de mortes, 715 mil delas no Brasil, onde a doença ainda acomete e mata: segundo o Ministério da Saúde de janeiro a 1º de março de 2025, a Covid matou 761 pessoas, 13 mortes por dia e 89 por semana, o equivalente a seis Boeings 737-700. Em Alagoas, ocorreram mais de 700 casos notificados e 33 mortes.

Mesmo não sendo profissional da área de infectologia ou de especialidades que atenderam diretamente os pacientes, vi-me envolvido durante a pandemia com pessoas amigas e conhecidos, principalmente nas fases mais críticas da pandemia (como em 2020), já que me procuravam para ajudar no internamento de pacientes, pois os hospitais, em especial o que trabalho, estavam sempre cheios e sem vagas, ocasião na qual os pacientes acumulavam-se em suas emergências à espera de uma vaga. Houve fase no auge da pandemia em que as mortes chegaram a mais de 4 mil por dia. Como esquecer?

Em junho de 2020, em resposta à decisão do governo de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de Covid-19, felizmente foi criado um consórcio de veículos de imprensa para coletar e divulgar as informações, o que permitiu à população o acesso à informação sobre a pandemia.

Se a pandemia já se mostrava extremamente grave desde o seu início, a ausência absoluta de uma coordenação geral pelo Ministério da Saúde da época deu lugar a que cada ente federativo adotasse os procedimentos que considerou mais adequados no início da pandemia com base em comitês locais que, em muitos casos, não apresentavam convergência em diversos aspectos.

Por exemplo, enquanto alguns municípios atualizavam diariamente o número de internados e a disponibilidade de leitos, outros não coletavam ou ao menos divulgavam essa informações. Retardamento na compra de vacinas, o negacionismo, a militância antivacinas, a resistência aos procedimentos como o distanciamento social, somados à desinformação e às fake news, fizeram com que a pandemia se tornasse ainda mais letal no Brasil, que teve um dos maiores índices de mortes por habitante no mundo.

Além do número elevado de mortes, persistem as sequelas da Covid-19, tanto para a saúde física como a mental e que são incalculáveis. Que os governos respeitem a ciência, é o mínimo que se pode esperar, pois as doenças contagiosas e as epidemias sempre estarão nos cercando esperando uma oportunidade para se manifestarem patologicamente.

Relacionadas