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Nº 5905
Opinião

Leitura e cidadania

O Brasil vem reduzindo sua taxa de analfabetismo com velocidade constante nas últimas décadas. Hoje é de 9% da população, ou 16 milhões de analfabetos absolutos com 15 anos ou mais. A pessoa que não sabe ler, nem escrever, se sente profundamente limitada

Por | Edição do dia 07/10/2008 - Matéria atualizada em 07/10/2008 às 00h00

O Brasil vem reduzindo sua taxa de analfabetismo com velocidade constante nas últimas décadas. Hoje é de 9% da população, ou 16 milhões de analfabetos absolutos com 15 anos ou mais. A pessoa que não sabe ler, nem escrever, se sente profundamente limitada e discriminada. Não consegue entender o jornal, não sabe pegar ônibus, nem possui condições para obter um emprego. Sua auto-estima é baixa. O Instituto Nacional de Analfabetismo Funcional (INAF) informa que 67% dos brasileiros têm interesse na leitura. Mas, dos 5.564 municípios, em cerca de mil não existem bibliotecas. Em 89% deles, não existem livrarias. Se lê pouco. O governo federal, governos estaduais e municipais e diversas instituições da sociedade civil promovem ações para fornecer livros, informações e alcançar o brasileiro que está na ponta da linha, em alguma região menos desenvolvida. É um tremendo esforço que envolve pesada logística. Os resultados estão chegando. O que faz a diferença agora é a tecnologia. Os professores dispõem de recursos impensáveis anos atrás. Eles têm à sua disposição projetores, computadores com acesso à internet e a possibilidade de interagir com outros centros de excelência. Em vários países é normal ter salas de aula com 200 ou 300 alunos, que são convidados a ler antecipadamente sobre o tema que o professor vai discorrer. E, posteriormente, voltam aos livros para conferir o que foi exposto. É um tipo de ensino de massa, que visa a qualificar muita gente em pouco tempo. Mas, há outro caminho ainda não totalmente percebido no Brasil. A nova tecnologia dos telefones celulares – a chamada 3G. Telefone não é mais utilizado apenas para comunicação oral. Ele se presta para transmissão de dados, para ver televisão, para receber e mandar e-mails, para ouvir rádio, para ler jornais, para ver filmes. É para essa nova tecnologia que os gestores da educação precisam olhar com muita atenção. Os professores devem se capacitar para utilizar a nova linguagem. Atualmente, no mundo, existem mais de três bilhões de telefones celulares. No Brasil, já foram comercializados 130 milhões de aparelhos que cobrem mais de 80% do território nacional. O plantador de soja no interior de Mato Grosso sabe o preço exato de seu produto nas bolsas de valores do mundo por intermédio do aparelho. É ele que transmite notícias mais importantes e faz a conexão daquele remoto produtor no setentrião brasileiro com o mundo. Esse é o novo caminho. Na internet há de tudo. É preciso dispor das ferramentas certas e saber utilizá-las para obter o melhor resultado. A cidadania decorre do processo de educação. A pessoa alfabetizada conhece seus direitos e seus deveres. Vai transmiti-los aos filhos. Vai ajudar a escolher melhor os governantes e a julgá-los nos momentos adequados. Isso é cidadania. Há um país a ser feito. E uma sociedade a ser construída por cidadãos. Seus habitantes só vão merecer a cidadania plena se cuidarem da educação com a prioridade que necessita e o carinho que requer. Inclusão digital é um capítulo importante do processo brasileiro de levar educação de qualidade para todos. Aqueles 9% de analfabetos deverão desaparecer em pouco tempo. O Plano de Desenvolvimento de Educação estabelece que dentro de 15 anos todas as crianças com até 8 anos estarão alfabetizadas no Brasil. É possível, é viável. (*) É diretor-executivo da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (RITLA).

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