Sublime �dio
A sabedoria popular declara com um certo ar de convicção ninguém escapa da capacidade de odiar. Um grande número de pessoas enfrenta limites e graves emoções. Merece notoriedade a afirmação de Emile Zola: O ódio é sagrado. Ao vislumbrar as disputas de
Por | Edição do dia 15/10/2008 - Matéria atualizada em 15/10/2008 às 00h00
A sabedoria popular declara com um certo ar de convicção ninguém escapa da capacidade de odiar. Um grande número de pessoas enfrenta limites e graves emoções. Merece notoriedade a afirmação de Emile Zola: O ódio é sagrado. Ao vislumbrar as disputas de espaços, as paixões arrebatadoras e os cenários das reações extremadas. Os episódios passionais culminam em conflitos de afetos e intensas revoltas entre seus protagonistas. Algumas ocorrências penais registradas no cotidiano fazem lembrar uma sentença de Nietzsche: Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem. As tardias confissões sobre os desentendimentos dos amantes refletem revoltas de uma alma ofendida. Manifestas desilusões e mágoas acumuladas escrevem os ingratos romances. Itinerários sobre a trêmula busca de se alcançar a felicidade, bravo anseio de todos os sentimentos. A antiguidade clássica colecionou casos célebres de legendárias ações delituosas. Rainhas sedutoras, de largos gestos amorosos, fizeram as emoções sombrias da história. Figuras dominadas pelas ambições de poder, de polêmico reinado, vencidas pelas sugestões mórbidas e pelos caprichos avassaladores. O penalista Roque de Brito Alves argumenta que a ciência ainda não demonstrou e nem verdadeiramente se preocupou em demonstrar qual o ciúme mais intenso: se o do homem ou o da mulher. Admite que ambos possuem a mesma potencialidade de ciúme, embora distinta, devido a peculiaridade psíquica de cada um. Levanta a tese da trajetória progressiva e comum aos dois sexos amor, ciúme, ódio e crime. As estatísticas mostram que a criminalidade feminina em relação ao homem seria acentuadamente menor. Mesmo diante da participação cada vez maior da mulher na vida social e econômica do mundo contemporâneo. Em um contexto dominante, a mulher se apresenta como um ser mais disciplinado e de maior capacidade em superar adversidades. Perante o curso da humanidade, restou a consideração de que, a alma feminina possui uma referência romântica, suscetível de conceder perdão e fazer renúncias. Mas, seus gestos generosos, quando enganosamente contrariados, podem gerar atitudes graves e surpreendentes. A mulher somente quando se apaixona ou passa a ter motivos para odiar, revela toda extensão de sua revolta e de seu amor. (*) É advogado ([email protected]).