Direitos das v�timas
Em meio às notícias, fornecidas no calor dos acontecimentos, sobre o resultado do mais longo cativeiro em São Paulo, e mesmo sem ainda se poder ter certeza da extensão exata da tragédia, cresce a indignação da opinião pública com os rumos tomados pelo cas
Por | Edição do dia 18/10/2008 - Matéria atualizada em 18/10/2008 às 00h00
Em meio às notícias, fornecidas no calor dos acontecimentos, sobre o resultado do mais longo cativeiro em São Paulo, e mesmo sem ainda se poder ter certeza da extensão exata da tragédia, cresce a indignação da opinião pública com os rumos tomados pelo caso. Em função da maciça cobertura da grande mídia brasileira (centrada no eixo Rio/São Paulo) todo o País acompanhou a tragédia em tempo real. E, descontados os efeitos da emoção do momento, é mister reconhecer-se o despreparo policial no enfrentamento de tão grave ocorrência e não é a primeira vez que esses mesmos sintomas de incapacidade e erros crassos de conduta tornam-se evidente numa situação deste tipo (lembram-se do caso do ônibus 174, no Rio de Janeiro, em 12 de junho de 2000?). Quais as causas que fazem com que as vítimas sejam mais vítimas ainda depois da intervenção policial? Não será que a preparação dos grupos de ação policial para esses momentos de crise não estaria sendo contaminada por uma visão deturpada da relação entre a necessidade de negociação e o respeito aos direitos humanos? Não será que a prática nos está mostrando que as forças policiais estão despreparadas tanto para negociar quanto para intervir? Este caso ocorrido em São Paulo é emblemático. O seqüestrador, desvairado, foi quem deu o rumo às negociações, conseguindo inclusive que lhe fosse devolvida uma refém (!). E mais emblemáticas ainda são as cenas do resgate final: as duas reféns saem de maca e o bandido sai incólume (e estupidez maior seria se, depois do fracasso policial, o criminoso tivesse sido vítima de vingança pura e simples). Deve ser repensada, com urgência, a filosofia que tem norteado as ações policiais no Brasil. Negociar, sim; direitos humanos, sim mas, mais sim ainda para o salvamento das vítimas como primeiro objetivo da polícia.