app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5905
Opinião

Algozes x v�timas

Com sua imensa carga emocional o caso das reféns de Santo André enseja uma série de discussões importantes para a cidadania. Mesmo antes da poeira baixar, vários aspectos merecem a desapaixonada atenção de todos. Uma destas questões aqui já foi abordada

Por | Edição do dia 26/10/2008 - Matéria atualizada em 26/10/2008 às 00h00

Com sua imensa carga emocional o caso das reféns de Santo André enseja uma série de discussões importantes para a cidadania. Mesmo antes da poeira baixar, vários aspectos merecem a desapaixonada atenção de todos. Uma destas questões aqui já foi abordada no calor dos acontecimentos e a ela retornamos hoje. As declarações do comandante da operação que resultou na “tragédia Eloᔠconfirmam a relevância de um problema aqui antes levantado: uma visão deformada dos Direitos Humanos está a contaminar áreas vitais do Estado. O perigoso equívoco em moda resulta em igualar algozes e vítimas. Esquecem-se que a própria Declaração dos Direitos Humanos, formulada sobre as cinzas e o sangue da 2ª Grande Guerra Mundial, teve como base a denúncia das atrocidades cometidas, dentre outros, pelos nazistas. Esses supremos e sublimes direitos necessitaram da codificação conhecida exatamente em decorrência do reconhecimento da existência, nas sociedades humanas, destes dois papéis: o de algoz e o de vítima. Quando o comandante responsável por uma operação policial que se propõe a resolver o drama provocado por uma pessoa que submente outra(s) a ameaça real de assassinato, explicita que a estratégia tinha como centro a preservação da integridade de todos os envolvidos, é evidente que, para essa autoridade, na situação posta, inexistem algozes e vítimas. Daí decorre a surpreendente seqüência de posicionamentos onde fica evidente a preponderância do sequestrador (que teve todas as suas exigências atendidas, inclusive a escandalosa devolução de refém a suas mãos) até a decisão de se intervir apenas depois de mais um tiro (na cara da refém?!). Talvez o antigo (aparentemente fora de moda) entendimento da existência antagônica de algoz e vítima, numa mesma situação crítica, viesse a ajudar a salvar vidas inocentes. Quem sabe?

Mais matérias
desta edição