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Nº 5905
Opinião

O doente mental

O portador de distúrbio mental é visto com preconceito e desprezo pela sociedade. É uma complexa realidade que angustia milhares de famílias que tem em suas casas um ente acometido desse mal. Escrevo sobre o tema, com a autoridade de quem vive a odisséia

Por | Edição do dia 28/10/2008 - Matéria atualizada em 28/10/2008 às 00h00

O portador de distúrbio mental é visto com preconceito e desprezo pela sociedade. É uma complexa realidade que angustia milhares de famílias que tem em suas casas um ente acometido desse mal. Escrevo sobre o tema, com a autoridade de quem vive a odisséia de um irmão mais velho, há mais de 40 anos. Quando garotos, estudávamos juntos na mesma escola e desde então, foram surgindo os primeiros sintomas para nunca mais parar. Seus altos e baixos, idas e vindas de confinamentos em clínica psiquiátrica, dedicação plena da minha mãe, sozinha, após a morte do meu pai há oito anos, e ela agora aos 91 segue carregando o peso dessa imensa cruz. Imagino o sofrimento das famílias carentes, com parcos recursos para cuidar do seu paciente de forma digna. Como devem ficar muitas vezes fragilizadas, debilitadas, sobrecarregadas e sem alternativas para evitar que o portador do mal ganhe às ruas a fazer bobagens, sendo ridicularizado e humilhado pelos que cruzam o seu caminho. É uma luta incessante onde o doente mental e seus familiares travam uma “batalha” diária em busca da compreensão mútua. É uma doença difícil, penosa para quem vivencia, árdua para a família que muitas vezes fica noites e noites insones, pastoreando crises, num exercício interminável de amor e paciência. Dados do último Congresso Brasileiro de Psiquiatria registram que, das 500 mil pessoas que vivem nas ruas do País, trinta por cento são doentes mentais e cinqüenta por cento deles são dependentes de álcool ou drogas. Há muito se clama para que o Brasil possa discutir em caráter de urgência o problema nos seus três níveis de assistência: ambulatorial, serviços extra-hospitalares e, por fim, o internamento. O Ministério da Saúde brasileiro, não tem uma política adequada para o atendimento deste mal. A preocupação maior é fechar hospitais e reduzir leitos como se a doença não existisse em grandes proporções. Falta um trabalho preventivo com orientação para as famílias, faltam medicamentos; noventa por cento dos pacientes dependem do seu principal oxigênio todos os dias, que é o remédio o que auxilia na redução de crises agudas. No caso específico do meu irmão que me motivou a escrever este artigo, entendo que é preciso haver uma empatia seguida da absoluta confiança do paciente para com o seu psiquiatra, facilitando a recuperação mais rápida quando ocorrerem crises graves. Pelo menos assim tem sido com o nosso médico dr. Rosival Lemos, a quem somos muito gratos por sua paciência, experiência e dedicação no exercício do seu sacerdócio. Lá se vão muitas décadas administrando uma doença sem cura, mas, que juntos, médico e família temos conseguido manter o controle nos momentos mais difíceis. (*) É publicitário.

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