Editorial
Aperto monetário

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou ontem a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, alcançando 14,75% ao ano — o maior patamar desde 2006. Essa é a sexta alta consecutiva, refletindo a persistência da inflação doméstica, que acumula 5,49% em 12 meses, bem acima da meta de 3%.
A decisão visa conter pressões inflacionárias alimentadas por fatores internos e externos, como o aumento dos preços de alimentos e energia, além de incertezas globais, especialmente relacionadas às políticas comerciais dos Estados Unidos. No entanto, o aperto monetário tem efeitos colaterais significativos: encarece o crédito, desestimula o consumo e pode frear o crescimento econômico.
Embora o Banco Central tenha reduzido sua projeção de inflação para 2025 de 5,1% para 4,8%, ainda está acima da meta, e o mercado permanece cético quanto ao retorno da inflação ao centro da meta até 2028. Além disso, o governo federal tem implementado medidas de estímulo para contrabalançar os efeitos negativos das altas taxas de juros.
É fundamental que as autoridades monetárias considerem os impactos sociais e econômicos dessas decisões. O combate à inflação é essencial, mas deve ser equilibrado com políticas que promovam o crescimento sustentável e a inclusão social.