Inspiração
A força das atitudes

A inspiração é algo que não se explica, apenas se sente, por surgir de forma inesperada, silenciosa, como vento leve que toca a alma e desperta sentidos adormecidos, não seguindo lógica ou obedecendo razões; simplesmente acontece, e transforma.
Outro dia, caminhando por ambientes distintos de Seul, na Coreia do Sul, fui tomado por esse tipo de inspiração que transcende o óbvio. Em meio à arquitetura moderna, aos templos antigos e à pulsante energia daquela metrópole que une tradição e futuro, deparei-me com dois dizeres atribuídos a líderes ancestrais daquele povo.
No século XVI, quando o Japão invadiu a península coreana, o imperador, ciente da desvantagem numérica, mas confiante na fibra de seus soldados, proclamou com firmeza: “Um guerreiro de coragem vale por mil covardes mercenários.”
E foi com essa convicção que seus comandados enfrentaram pelotões bem maiores, guiados pela certeza de que o valor não se mede em quantidade, mas em espírito.
Séculos depois, em 1945, a dor da divisão assolaria o coração da Coreia, quando os irmãos do norte cruzaram a fronteira, trazendo fogo e ruptura, então a nação mais uma vez precisou lembrar sua essência. Em meio à tensão e ao medo, o líder maior conclamou seu povo com palavras que entre eles ecoam até hoje: “Se você não proteger a si próprio, ninguém o fará.”
Uma frase simples, mas poderosa, que reafirma o princípio que moldou a identidade coreana: a responsabilidade pela liberdade é pessoal e intransferível.
Em ambas ocasiões, tais frases fortes, diretas, gravadas com simplicidade em placas discretas, ao mesmo tempo, revelam o espírito de uma civilização moldada no destemor, na honra e na responsabilidade individual.
Ali compreendi um pouco mais da grandeza do povo oriental: eles não esperam que terceiros os salve, eles se erguem com dignidade, enfrentam seus desafios com bravura, e valorizam a valentia como essência do caráter.
Inspirado por esses ensinamentos, percebi que a verdadeira força não está na aparência nem nos números, mas na atitude, e que a inspiração, quando chega assim, sem pedir licença, pode mudar o modo como enxergamos a nós mesmos e ao mundo ao nosso redor.