31 de outubro de 1517
Martinho Lutero, (1483-1546) viveu toda a sua infância e juventude com medo de ser condenado ao inferno. Por isto, tornou-se monge e fez votos de pobreza, castidade e obediência, na idéia de fugir da ira divina. Este era o caminho para alguém ter uma cons
Por | Edição do dia 31/10/2008 - Matéria atualizada em 31/10/2008 às 00h00
Martinho Lutero, (1483-1546) viveu toda a sua infância e juventude com medo de ser condenado ao inferno. Por isto, tornou-se monge e fez votos de pobreza, castidade e obediência, na idéia de fugir da ira divina. Este era o caminho para alguém ter uma consciência tranqüila. A certa altura de sua vida, quando já se tornara padre, Lutero começou a descobrir na Bíblia textos que ensinavam a salvação pela graça através da fé em Cristo Jesus. Aprofundou-se nos estudos bíblicos e começou a manifestar-se publicamente sobre esta posição e, depois de uma visita a Roma, tomou uma medida que acabou sendo o estopim para a Reforma: escreveu 95 teses (pontos idéias) e as afixou na porta da igreja na cidade de Witemberg, no dia 31 de outubro de 1517. Estas teses combatiam especialmente: a venda de indulgências (pagamentos recibos de perdão); o ensino da salvação pelos méritos humanos e não os de Cristo; o poder excessivo do papa e da Igreja como instituição política. Lutero tinha total convicção. Sua intenção era corrigir a Igreja. Ele a amava. Não queria ser expulso e fundar uma nova Igreja. Só que não foi compreendido. Em 1521 foi excomungado, mas não parou de ensinar a salvação pela fé somente. Muitos dos que o apoiavam permaneceram com ele e assim, surgiu o movimento denominado os luteranos ou em âmbito mais geral, os protestantes. A Reforma proporcionou a milhões de pessoas a oportunidade de aprender a ler e escrever, pois incentivou a criação de escolas. Martinho Lutero traduziu a Bíblia e defendeu que pregações fossem na língua de cada povo (não mais latim). Martinho Lutero condenou veementemente a prática anticristã, sem fundamento bíblico, de venda de indulgências (cartas de perdão para salvar pessoas que já haviam morrido). Incentivou a separação de Igreja e Estado (idéia de um estado laico). Quanto à salvação, enfatizava sua posição em três pontos: somente a escritura; somente a graça de Deus; somente a fé. Martinho Lutero não é considerado o santo da Igreja Luterana. Ele disse e escreveu certas coisas que podem ser questionadas hoje. No entanto, vemos nele um instrumento de Deus que despertou o povo de Deus para uma volta ao ensino bíblico. Por isso o ensino destaque da Igreja Luterana é a salvação pela graça de Deus através da fé em Cristo. Dizemos que a fé salva só, mas nunca está só. O cristão sempre dará sinais de sua fé numa vida de amor a Deus e ao semelhante e coerência com a palavra. A partir 31 de outubro de 1517, a Igreja, a política a educação, enfim, o mundo, nunca mais seriam os mesmos! (*) É pastor luterano.