Eco midi�tico cidad�o
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Por | Edição do dia 04/11/2008 - Matéria atualizada em 04/11/2008 às 00h00
Do chocante sacrifício da garota Eloá, ainda pululam conseqüências práticas inesperadas e estéreis debates teóricos. De prático, e positivo, destaca-se a reabertura do quase esquecido processo contra a ganque fardada; além do estímulo ao gesto solidário da doação de órgãos. De teórico, e improdutivo, nada de novo se depreende das várias manifestações lançadas sob a justificativa de analisar o episódio. Uma das questões pouco, ou nada, abordada pela mídia brasileira pós-desfecho trágico do caso Eloá, salta aos olhos de quem presta atenção na maioria dos aspectos contidos em uma notícia. O fato, simples e irretocável, de que o pai da menina assassinada, ao demonstrar articulação e condições pecuniárias para colocar em sua defesa um dos escritórios de advocacia mais caros dentre os mais conhecidos endereços criminalistas de São Paulo parece sugerir (a plenos pulmões) que continua vivo e atuante uma estrutura de apoio clandestina, silente e eficiente, a pessoas envolvidas (no caso, acusadas da condição de assassinos assalariados) com o crime organizado. Um pouco mais de esforço investigativo por parte dos grandes veículos da mídia brasileira poderia, tendo como base este caso em tela, prestar um importante apoio ao esforço cidadão de pôr a nu pelo menos um tentáculo qualquer dos muitos braços do crime organizado (quanto se paga a tais escritórios? quem paga?). Modéstia à parte, cá em Alagoas, a mídia tem tentado, de forma imparcial, contribuir com este esforço contra a impunidade. Mas é forçoso reconhecer que a imprensa local, distante dos grandes centros, por mais competente que seja, pouco consegue em termos de repercussão cidadã se não tiver o adequado eco nacional. Este caso ainda em curso tem todas as condições de avançar neste campo. Com um pouco mais de colaboração, o Brasil sairá ganhando.