Ser� o sonho de King?
Sem dúvida nenhuma, ao eleger um negro (marrom, como o próprio se define) como presidente da República, os Estados Unidos marcam um gol de placa. Não que a eleição de Barack Obama venha a ser o desejado pelos adeptos das mudanças oníricas, pois numa naç
Por | Edição do dia 06/11/2008 - Matéria atualizada em 06/11/2008 às 00h00
Sem dúvida nenhuma, ao eleger um negro (marrom, como o próprio se define) como presidente da República, os Estados Unidos marcam um gol de placa. Não que a eleição de Barack Obama venha a ser o desejado pelos adeptos das mudanças oníricas, pois numa nação como os Estados Unidos da América alterações radicais de rumo são pouco prováveis. Mas até os mais céticos devem reconhecer que algum tipo de ajuste deve ser operado nas políticas da nação mais poderosa do planeta e isto diz respeito a todo o mundo, literalmente. O gol de placa marcado pelos americanos pode ser aquilatado por dois resultados ululantes desta eleição: em primeiro lugar, a emblemática eleição de um negro num país onde a discriminação racial fazia parte do escopo de leis em boa parte de seu território até muito pouco tempo atrás. É sempre útil lembrar que, em 1963, em seu famoso discurso, Martin Luther King bradou Eu tenho o sonho que meus quatro pequenos filhos viverão um dia numa nação na qual não serão julgados pela cor da sua pele mas pelo conteúdo de seu caráter. Em 1968, King foi assassinado exatamente por conta de sua pregação antiracista. 40 anos depois, é inegável que a eleição de um negro para presidente dos Estados Unidos é um sonho tornado realidade. E um extraordinário objeto de marketing político para os interesses globais da única superpotência do mundo contemporâneo. O segundo aspecto importante a considerar é a derrota das políticas implementadas pela administração Bush ao longo de oito sofridos (para o resto do mundo) anos de força bruta e economia inconseqüente que têm deixado marcas profundas em todo planeta. Em função deste segundo elemento de análise é que se multiplicam as esperanças depositadas sobre os ombros de Obama. Esperanças exageradas, mas que valem a pena serem sonhadas.