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Analfabeto eletr�nico

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JOSÉ MEDEIROS * Encontrei a expressão “analfabeto eletrônico” num escrito do poeta Ledo Ivo, no qual relata que durante muitos anos reagiu ao uso do computador, à Internet, à mídia eletrônica. Entretanto, chegou um momento em que se sentiu “um excluído do contexto da comunicação, um sem-terra literário, um sem-site, um alienígena dessa nova ordem de informação planetária”. Os editores tentaram convencê-lo de um fato óbvio: para que suas obras literárias fossem lidas em toda parte, alargassem fronteiras, havia necessidade de abrir um site na Internet e preparar-se para responder aos numerosos e-mails que receberia dos leitores virtuais, dos internautas. Ledo Ivo, que proveio da época da máquina de escrever “Remington”, cedeu aos novos meios de comunicação e de expressão. É muito difícil ficar à margem desses avanços e inovações tecnológicas. Os mais antigos reagem, viram dinossauros de resistência, são os quarentões e cinqüentões dos hábitos arraigados e sedimentados. Alguns fazem força para não mudar. Encaram com desconfiança as mudanças. Os hábitos viraram uma segunda natureza. A repetição freqüente virou costume. Entre os jovens há exceções, também: os que relutam em se engajar nessa nova ordem de coisas. Há os que mudaram antigos hábitos na marra, pois os setores onde trabalham se informatizaram e aí foram obrigados a largar a papelada, arquivos, gavetas abarrotadas de documentos. Não faz muito tempo, nas repartições públicas, os funcionários vinham com carrinhos-de-mão cheios de processos para despacho. Outros setores, mais modernos, informatizados, rendem mais, produzem mais, com um número menor de pessoas. É o mundo digital em curso. Executivo sem computador está fora do contexto. As crianças aprendem com facilidade a manusear os eletrônicos, deixam os pais no chinelo. Desde muito cedo mexem com os aparelhos de som, abusam dos canais de TV por assinatura, de videocassetes e videogames. Aos oito ou nove anos já querem os celulares, queimam os neurônios e a paciência dos pais para adquiri-los. Por isso, manejar computadores é aprendizagem fácil; manuais de instrução, treinamentos e cursos são complementos para eles. Os estudantes que se julgam imunes a essas tecnologias, poucos anos depois estarão diante de um grande problema: um mercado de trabalho exigente, cheio de minúcias, onde a utilização da informática é instrumento de trabalho. Os computadores trouxeram outra novidade, numerosas palavras inglesas já incorporadas ao dicionário de Aurélio Buarque de Holanda. Lá encontramos: site, homepage, chat, modem, mouse, e-mail Web e Net. Faz ressalva de que são anglicismos, inglesismos, ainda não aportuguesados. Tal observação é necessária, porque a língua portuguesa deve ser preservada. Como diz Pablo Neruda “idioma é perpetuidade vivente, essência e grandeza das palavras. É força histórica e a vida dos países”. (*) É MÉDICO E EX-SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO E DE SAÚDE

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