Os sonhos sobrevivem
Na mesma noite úmida e de ventos frios emanados dos grandes lagos que banham a cosmopolita Chicago, que contemplou a festa da vitória de Barack Obama, presidente eleito do EUA; aqui na nossa também úmida, porém calorenta província,um intelectual e médico
Por | Edição do dia 08/11/2008 - Matéria atualizada em 08/11/2008 às 00h00
Na mesma noite úmida e de ventos frios emanados dos grandes lagos que banham a cosmopolita Chicago, que contemplou a festa da vitória de Barack Obama, presidente eleito do EUA; aqui na nossa também úmida, porém calorenta província,um intelectual e médico de primeira categoria, dr. Gilberto de Macedo, deixava este mundo após brava luta contra um câncer avançado que o maltratava há vários anos. Obama comandou uma campanha excepcional, onde questões fundamentais que extrapolam os interesses americanos foram colocadas. Apoios ferrenhos vieram de fontes inesperadas, como Colin Powell, ex-secretário de Estado republicano, o qual diante de malévolas insinuações sobre ser Obama muçulmano observou: E daí? Não pode uma criança muçulmana ser um dia presidente deste país? Campanha contundente em superações de tabus, preconceitos étnicos, raciais e religiosos, irradiou otimismo para todo o planeta, que diante de uma crise sem precedentes nos últimos 80 anos, se ressente como nunca de uma liderança sólida e confiável. É como um imenso barco que sob tenebrosa tempestade anseia por um porto onde possa se abrigar. É possível que Obama não possa entregar os muitos sonhos que vendeu em sua campanha. Existe uma duríssima realidade para enfrentar antes de cumprir as promessas e é provável que entre outros, não possa retirar as tropas do Iraque nem deixar o Afeganistão logo, priorizando compromissos internos com as finanças dilapidadas. Durante alguns dias de campanha e principalmente, imediatamente após conhecido o resultado, espraiou-se envolvente catarse coletiva, que registrou para a história que o sonho por mudanças importantes para toda a humanidade sobrevive. E sonhar é fundamental para que se mantenha a esperança de dias melhores. Enfim, as desprezadas, mas indispensáveis utopias, como no poema de Mário Quintana: Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las....Que triste os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!. Obama envolveu o mundo em um sonho coletivo; o nosso dr. Gilberto Macedo, um dos melhores articulistas da história desta Gazeta de Alagoas, desenganado em São Paulo, procurou-nos na Santa Casa, onde dentro do possível aliviamos seus males e o acompanhamos por tempo suficiente para aumentar a nossa admiração por um ser humano, que mesmo sob severo padecimento,não parou de produzir as suas belas crônicas, onde o seu enciclopédico saber, misturava-se com o soberbo humanismo de um homem que soube sonhar com um mundo melhor até os seus últimos momentos. (*) É médico e professor da Uncisal.