Editorial
Cautela e responsabilidade

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre deste ano — com alta de 1,4% em relação ao trimestre anterior — representa mais um marco na sequência de recordes que a economia nacional vem acumulando. Segundo o IBGE, são 14 trimestres consecutivos de expansão, o que confirma a resiliência de setores como agropecuária e serviços, ambos também registrando patamares históricos.
Contudo, por trás desses números positivos, permanecem desafios significativos. A indústria continua aquém dos níveis de 2013, e os investimentos seguem em queda — um claro sinal de que o crescimento atual se apoia em bases frágeis. O consumo das famílias, embora elevado, é sustentado por programas de transferência de renda e crédito subsidiado, instrumentos importantes, mas que pressionam ainda mais as contas públicas.
Nesse cenário, o governo se vê diante de um dilema político-econômico. Enquanto a ala política pressiona por mais gastos sociais, a equipe econômica tenta manter a credibilidade do novo arcabouço fiscal.
Sustentar o crescimento a longo prazo exigirá do Executivo muito mais do que boas colheitas: será necessário promover a retomada dos investimentos produtivos, reindustrializar o País e assegurar equilíbrio fiscal.