Um novo tom na Casa Branca
O mundo acompanhou a disputa política mais acirrada da história recente: a eleição presidencial norte-americana. Pela primeira vez, um descendente afro-americano (ou pós-racial como Obama se autodenomina), venceu uma eleição, tornando-se, como dizem eles:
Por | Edição do dia 12/11/2008 - Matéria atualizada em 12/11/2008 às 00h00
O mundo acompanhou a disputa política mais acirrada da história recente: a eleição presidencial norte-americana. Pela primeira vez, um descendente afro-americano (ou pós-racial como Obama se autodenomina), venceu uma eleição, tornando-se, como dizem eles: O homem mais poderoso do planeta. Embora acredite, firmemente, que as qualidades de um ser humano não se medem pela cor da pele, a vitória de Barack Obama constituiu-se agradável surpresa. Nos Estados Unidos, na década de 1970, realizei um estágio especializado patrocinado pela USAID, tendo convivido com duas realidades distintas: a conservadora, tradicional, passadista, mentalidade do século 19, que dominava os Estados de Alabama, Mississipi e Geórgia, entre outros, impregnados por um feroz racismo; por outro lado, nas Universidades de Cincinatti e Ohio, as quais freqüentei, dominava o sopro da inovação, renovação do pensamento e das perspectivas de mudanças conceituais. Mas, em boa parte do país que visitei, no programa de estudos que estava realizando, senti a discriminação, o ressentimento e os preconceitos inter-raciais. Pouco tempo antes, morrera assassinado o reverendo e pastor Martin Luther King, líder dos direitos civis, um nome venerado por todos os negros do país. Pronunciara, em Washington, o famoso discurso: Eu tenho um sonho. Instigava os americanos a lutarem por um sonho de igualdade. Dizia: Um dia, que não estará longe, ouviremos o sino da liberdade, nossas crianças brincarão juntas e juntos lutaremos pela grandeza deste país. De minha parte, por não possuir bola de cristal ou pouco conhecer as profecias de Nostradamus, nada me fazia acreditar que, nos trinta anos que se passaram desde a época em que estudei nos Estados Unidos, tanta coisa havia mudado, permitindo que um afro-americano, assumisse, com glória, a presidência do país. Confesso o entusiasmo que senti e o quanto vibrei como se lá estivesse juntando-me aos milhões de partidários que aplaudiam o novo presidente e choravam de emoção. Espero que tenha se iniciado ali um novo tempo, um tempo de esperança. Em sua obra A audácia da esperança, publicada em 2004, Obama afirma que sempre foi guiado por um otimismo indestrutível quanto ao futuro. Fico a pensar o que desejamos dele: posição firme quanto ao aquecimento global; contribuição para um mundo em que as guerras de conquista sejam extintas; luta permanente contra a fome e a miséria que maltratam boa parte dos habitantes do planeta. Shallon! Paz!. (*) É médico e ex-secretário de Educação.