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Regulação das redes sociais

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Durante a pandemia, tivemos: propaganda contra as vacinas e estímulo ao uso de medicamentos ineficazes contra o vírus; a pregação contra o distanciamento social e contra o uso de máscaras - um terço das mais de 700 mil mortes no Brasil decorreram dessas atitudes. Nas eleições, foram as notícias falsas propagando que o candidato vencedor do pleito fecharia igrejas e tomaria as casas dos eleitores. Eram fake news veiculadas pela internet, nessa terra ainda sem dono no Brasil, onde abundam ainda a pedofilia, os estímulos ao suicídio em jovens, entre outras mazelas; tudo isso ressurge quando o Supremo Tribunal Federal se debruça sobre a constitucionalidade do artigo 19 do marco civil das redes sociais.

Isso é tão importante que nos remete à história, onde notícias falsas, histórias fabricadas, boatos, manchetes que são isca de cliques (as chamadas clickbaits) não são novidade. A diferença do atual contexto é o potencial de circulação das chamadas fake news no ambiente online, sobretudo em virtude do uso das redes sociais digitais. As características do mundo online atual facilitam a disseminação das notícias falsas, que tiveram um de seus auges na campanha eleitoral norte-americana, na pandemia de Covid19 e nas eleições brasileiras de 2022.

O histórico é substancial: Darnton (2017) relembra o surgimento dos pasquins, na Itália do século XVI, que se transformaram em um meio para difundir notícias falsas sobre personagens públicos .Também recorda o surgimento dos Canards, jornais com notícias falsas que circularam em Paris a partir do século XVII.

McGuillen (2017) pesquisou as notícias fabricadas na Alemanha do século XIX por falsos correspondentes estrangeiros, dado o alto custo de se enviar repórteres para o exterior. Um dos casos mais notórios é o de Theodore Fontaine. Nos anos 1860, ele escreveu de “Londres” durante uma década para o jornal ultra-conservador de Berlim Kreuzzeitung, com minúcias e relatos pessoais emocionantes, sem nunca ter estado ali no período.

A relação entre as plataformas e a disseminação das fake news também é destacada no relatório Digital News Report, do Reuters Instituto, que analisou a opinião de utilizadores de 36 países.”Nossos dados qualitativos sugerem que os utilizadores sentem que a combinação de ausência de regras e algoritmos estão encorajando a disseminação rápida de conteúdos de baixa qualidade e fake news em abundância.

Um estudo da universidade de Colúmbia e do Instituto Francês mostram que 59% dos links clicados na internet não são lidos, mas apenas sua manchete, e se ela agradar ao usuário, mesmo sendo fake News, isso ativa o seu viés de convicção e a notícia é compartilhada ad eternum.

A temática política mostrou-se terreno fértil para a disseminação de fakw news. Segundo análise do site Buzzfeed News, nos últimos três meses de campanha para as eleições presidenciais nos EUA as notícias falsas com melhor desempenho da internet geraram mais engajamento que as top stories de veículos de comunicação como o The New York Times, The Washington Post e NBC, entre outros.

Tudo nesse mundo é regulado. Até mesmo a relação mais íntima do ser humano - o casamento – é regulada. Caso o Congresso não regule as redes sociais, restará ao Supremo Tribunal Federal (STF) fazê-lo.

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