Editorial
Pressão aliviada

A recente desaceleração da inflação pode sinalizar um alívio econômico, mas o cenário permanece delicado. Em maio, o IPCA – índice oficial do IBGE – subiu apenas 0,26%, abaixo dos 0,43% de abril e de 0,46% registrado no mesmo mês em 2024.
A queda da inflação em maio é bem-vinda, sobretudo ao aliviar os preços de itens essenciais como alimentação e transporte. No entanto, a persistência de índices elevados em setores regulados – como energia e habitação – revela fragilidades estruturais que comprometem a estabilidade de longo prazo.
Embora o recuo ajude a conter expectativas e alivie parte dos orçamentos domésticos, o acumulado acima de 5% indica que o Brasil ainda não se livrou completamente das pressões inflacionárias. Com a Selic em patamar recorde de 14,75%, o Banco Central enfrenta um dilema: equilibrar o controle da inflação e o risco de desaceleração econômica.
Para sustentar a retomada com menores custos à população, o governo precisa avançar em reformas estruturais e ampliar a oferta de bens regulados, reduzindo gargalos como os custos da energia. Ao mesmo tempo, a manutenção de uma política fiscal responsável será fundamental para garantir que a desaceleração inflacionária não se perca no médio prazo.