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Quando a nota 10 não vem

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Vivemos em uma sociedade que valoriza o sucesso a qualquer custo. Desde cedo, muitas crianças são submetidas a uma pressão desproporcional para serem as melhores em tudo: na escola, nos esportes, nas atividades extracurriculares e, mais recentemente, até mesmo nas redes sociais. Mas será que essa é realmente a melhor forma de educar nossos filhos?

Em certa ocasião, presenciei uma cena na escola que ilustra bem essa situação. Uma criança do 5º ano chorava, lamentando por não ter tirado 10 no boletim: “Meus pais vão brigar comigo! Acabou a viagem do final de semana para a praia”. Essa reação, infelizmente, reflete a realidade de muitas crianças que enfrentam expectativas elevadas e uma constante busca pela perfeição.

A participação dos pais na educação escolar é fundamental. No entanto, é preciso ensinar as crianças a lidar com frustrações e desafios. A superproteção e a cobrança excessiva impedem o desenvolvimento da resiliência e da autonomia. Quando os pais exigem que seus filhos sejam impecáveis em tudo, acabam sufocando a criatividade e a espontaneidade, além de cultivarem um medo constante de falhar.

Os pais devem incentivar os filhos a descobrirem suas verdadeiras paixões e talentos, em vez de forçá-los a corresponder a padrões irreais de excelência. A felicidade não está em ser o melhor em tudo, mas, sim, em encontrar sentido e satisfação naquilo que se faz. Afinal, ninguém é impecável em todas as áreas da vida: um esportista excepcional pode não ser fluente em línguas, assim como um médico ortopedista pode ter pouco conhecimento sobre partos.

Uma educação pautada exclusivamente na competição pode ser prejudicial. A vida não é uma corrida em que apenas os primeiros colocados têm valor. Pelo contrário, é essencial ensinar às crianças a colaborarem, desenvolverem empatia e compreenderem que o sucesso assume diferentes formas e significados.

É fundamental que os pais revisitem suas expectativas e compreendam que seus filhos não precisam ser os melhores em tudo; eles precisam ser saudáveis emocionalmente. Isso significa abrir espaço para erros, aprendizados e escolhas individuais, garantindo que cresçam confiantes e preparados para enfrentar os desafios da vida com sabedoria e equilíbrio. O verdadeiro sucesso está em ser autêntico e realizado consigo mesmo, sabendo lidar com as adversidades de forma madura e serena.

Mais importante do que alcançar o resultado perfeito é valorizar o processo. Se uma criança estudou e se esforçou ao máximo, mas não alcançou a nota 10, é o empenho que deve ser reconhecido. Motive-a, mostrando que está no caminho certo e que a nota não define tudo o que ela aprendeu — como resiliência, perseverança e força de vontade.

Cada criança é única e deve ser respeitada em sua singularidade. Exigir que ela dê mais do que consegue resulta apenas em angústia e baixa autoestima. Ao longo da vida, os desafios tornam-se cada vez maiores, e compreender nossos limites desde cedo nos ajuda a lidar com as dificuldades de maneira equilibrada. Afinal, super-homens só existem nos quadrinhos e nas telas de cinema.

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