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Nº 5905
Opinião

Sangue na periferia

Traduzida através das recorrentes manchetes em toda mídia alagoana, a tragédia da violência gerada pelo crime organizado aflige toda Alagoas, em todas as suas camadas sociais, em todos os municípios, especialmente na capital. E, confirmando a filosofia

Por | Edição do dia 15/11/2008 - Matéria atualizada em 15/11/2008 às 00h00

Traduzida através das recorrentes manchetes em toda mídia alagoana, a tragédia da violência gerada pelo crime organizado aflige toda Alagoas, em todas as suas camadas sociais, em todos os municípios, especialmente na capital. E, confirmando a filosofia popular em seu vaticínio de que “o pão do pobre só cai com a metade da manteiga para o chão”, as camadas menos favorecidas são as mais flageladas por esta tragédia humana e social. Chocante é a constatação da múltipla execução de uma família onde quatro jovens foram trucidados e, por pura dor e desespero, a mãe desses quatro assassinados, morreu de ataque cardíaco ao ser informada da quádrupla perda. Chocante é verificar que a sinistra figura da “bala perdida” também está encontrando eco em nosso Estado – e como sempre, achando os inocentes em sua trajetória. Chocante é constatar que as quadrilhas, a exemplo do que ocorre nos grandes centros urbanos como Rio e São Paulo, já se arvoram de “donas” de territórios inteiros, áreas onde residem milhares de famílias pobres. São exatamente essas incontáveis famílias pobres, habitantes das grotas, das “cidades de lona”, enfim, os indigentes habitacionais que sobrevivem em amontoados insalubres de casebres, são exatamente esses seres sofridos que mais penam, mais são castigados pelo avanço do crime organizado e pela ineficiência do Estado em lhes estender a mão. Na maioria dos casos, essas comunidades pobres vêem-se no meio do fogo cruzado, sofrendo as incursões armadas das gangues de traficantes e das forças policiais (que não podem entrar nessas áreas como se passeassem num calçadão). E ninguém se engane, o drama da periferia, hoje, é a antecipação de uma tragédia que tende a se espalhar, como um câncer, por toda malha urbana. O crime organizado, se não for contido, não poupará nada, nem ninguém.

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