Editorial
Cobertura comprometida

Apesar dos recentes sinais de recuperação na cobertura vacinal no Brasil, os dados do Anuário VacinaBR divulgados ontem (18) revelam um cenário que ainda inspira preocupação. A persistente desigualdade entre estados e municípios, aliada a esquemas vacinais incompletos, ameaça comprometer décadas de avanços na imunização infantil e na prevenção de doenças evitáveis.
O levantamento revela um dado alarmante: nenhuma vacina infantil do calendário nacional atingiu a meta de 95% de cobertura em todos os estados em 2023. Pior ainda, imunizantes fundamentais como os que protegem contra a poliomielite, meningite e tuberculose enfrentam índices preocupantemente baixos.
As disparidades regionais são outro desafio. A vacinação, embora de competência compartilhada entre União, estados e municípios, precisa ser tratada com atenção à realidade local, sem abrir mão de uma coordenação nacional robusta.
Além da desigualdade geográfica, o Brasil enfrenta a crescente hesitação vacinal, impulsionada por desinformação, baixa percepção de risco e dificuldades de acesso em algumas regiões.
Garantir uma cobertura vacinal eficaz vai muito além de distribuir doses. Exige planejamento, comunicação assertiva, combate à desinformação e, sobretudo, respeito às particularidades de cada região.