São João Nordestino

Em nenhum outro momento do ano o Nordeste pulsa com tanta força, cor e poesia. É no mês de junho que o povo nordestino reencontra suas raízes com mais intensidade nos sítios, nas vilas, nos arraiais iluminados de bandeirolas e alegria. É tempo de celebrar o que temos de mais nosso: o calor da tradição, o aconchego da família, o sabor da memória.

As noites ganham outro brilho. Vem o estalo dos fogos no céu escuro, o cheiro de milho assando na brasa, a fumacinha leve da fogueira subindo como prece. Tem canjica, tem pamonha, tem pé-de-moleque, tem o riso fácil da meninada rodando com balões de papel. E no fundo, sempre se escuta o som da sanfona chorando de alegria: é o forró chamando o povo pro salão. Tudo isso envolvendo a alma de um povo simples que luta com alegria pela sobrevivência e faz de cada momento das festas, um bálsamo para as suas almas simples. Porém na música está o ponto alto dos festejos como o forró, o baião, o xaxado e o coco. E nessa música que anima, que entusiasma, está a figura inesquecível do saudoso Luiz Gonzaga, que no seu repouso eterno deve estar dizendo: “Acorda povo que São João chegou”. Acorda “Sanfoneiro Macho” e vem despertar o “Assum Preto”. Vem “Asa Branca” cantar junto da “Capelinha de Melão”. E o povo feliz dança e canta. “A fogueira está queimando em homenagem a São João. O Forró já começou vamos gente rapapé neste salão”. Na preservação dos nossos costumes precisamos conservar os laços que nos une ao passado, através desse folclore tão atraente, da música, dos folguedos e da culinária que fazem dessa época uma oportunidade do nordestino ser feliz.

Ninguém representa melhor esse espírito nordestino do que o eterno Luiz Gonzaga. Em cada acorde do baião, em cada verso cantado, ele nos convida a celebrar: “Olha pro céu, meu amor, vê como ele está lindo”. E a gente olha mesmo, com os olhos brilhando de saudade e gratidão. No compasso do xote e no passo do xaxado, dança-se com a alma leve, lembrando que viver é, também, festejar.

Eu tenho uma saudade imensa do São João da minha infância. As fogueiras enchiam as ruas, pois não havia pavimentação. Toda casa tinha uma. A noite de São João vive em minha memória e na de todos nós, porque as cenas de felicidade que vivemos são inesquecíveis.

Feliz São João para todos os alagoanos. Vivam com entusiasmo esses momentos que são únicos. A vida é feita de momentos. Procure aproveitá-los bem com alegria no coração.