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Agronegócio

Além dos silos; o agro precisa de inteligência integrada

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O agronegócio brasileiro não precisa de mais sensores, mais dashboards ou mais promessas isoladas de eficiência. Ele precisa de integração. De sistemas que entendam a fazenda como um organismo vivo: complexo, mutável e interdependente.

Nos últimos anos, surgiram tecnologias promissoras para o campo: telemetria, drones, sensores, plataformas de clima, solo, irrigação. Todas úteis. Mas cada uma fala uma língua diferente. O resultado é um excesso de dados fragmentados, sem interoperabilidade e sem contexto – e um produtor que continua sobrecarregado, sem conseguir transformar esse ruído em decisão.

A boa notícia? Já temos a capacidade técnica para mudar esse paradigma. O salto não virá com mais uma ferramenta vertical, mas com infraestruturas de decisão sistêmicas, baseadas em IA generativa. Plataformas capazes de orquestrar múltiplos agentes de inteligência, cruzar sinais, inferir contexto e sugerir ações concretas em tempo real.

O agro precisa de menos inputs. E mais inteligência aplicada. Segundo o Índice de Transformação Digital 2024 da PwC, o agronegócio brasileiro atingiu apenas 3,1 pontos de maturidade digital em uma escala de 6. Ao mesmo tempo, 78% dos CEOs do setor afirmam que pretendem integrar IA às suas operações nos próximos anos. Essa tensão entre aspiração e realidade revela o principal gargalo: não é a ausência de tecnologia, mas a falta de arquitetura.

Hoje, 45% das fazendas já usam dispositivos de IoT, e 36% implementam modelos de IA em pontos específicos. Mas essas soluções são como ilhas. Para transformar o agro, é preciso criar pontes. Ou melhor, sistemas multiagente com coordenação inteligente, capazes de ler o todo e agir sobre as partes.

O futuro do campo será orquestrado ou continuará fragmentado. Inspirados por avanços em outras indústrias, como cibersegurança e saúde, o campo precisa de inteligência operacional orquestrada, com LLMs (Large Language Models) ajustados com dados hiperlocais, conectados a agentes digitais especializados em diferentes workflows: plantio, pulverização, mecanização, logística, finanças.

Esses agentes não são meros scripts. Eles aprendem padrões, trocam contexto entre si (Agent-to-Agent Collaboration), e priorizam ações conforme a exposição ao risco e ao impacto produtivo. São especialistas digitais que trabalham 24 horas, do planejamento à pós-colheita.

IA generativa não é só automação, é entendimento. Em vez de sobrecarregar o produtor com alertas, uma IA generativa traduz complexidade em recomendação. Ela transforma um mosaico de dados brutos em uma experiência de decisão assistida, via interfaces conversacionais, sugestões contextualizadas e insights acionáveis.

Não se trata de substituir o produtor, mas de devolver a ele o controle, com clareza. De construir uma espécie de “olho do dono digital”, presente em cada canto da operação.

Imaginem uma agrofloresta digital: conectada, resiliente e regenerativa. É hora de abandonar os silos digitais e adotar um modelo em rede: uma agrofloresta de dados, algoritmos e decisões inteligentes, com middlewares interoperáveis, conectividade em tempo real e automação adaptativa.

Essa nova camada de inteligência integrada permite mais que previsibilidade. Ela permite resiliência, aprendizado coletivo e, acima de tudo, produtividade regenerativa.

Conclusão: dados isolados são apenas o passado digitalizado. A revolução verdadeira acontece quando a IA enxerga o todo e age com base nele. O agro brasileiro está em posição única para liderar esse salto. Temos a escala, temos os desafios certos e, agora, temos também a tecnologia.

O futuro do agronegócio será integrado, contextual e assistido por agentes inteligentes. Quem entender isso primeiro, vai plantar dados e colher vantagem estratégica.

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